Preciso desconstruir uma barreira colossal de preconceito. A afirmação é do guitarrista Edgard Scandurra, do Ira!, que em sua versão acústica apresentará a próxima edição do Festival Híbrido, que acontecerá nos dias 11 e 12 de outubro, no Komplexo Tempo, em São Paulo. Conhecido pelo seu engajamento em questões sociais e culturais, o músico relata que acompanha a expansão do uso de substâncias psicoativas, como a ayahuasca e a psilocibina, temas da edição deste ano.
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É necessário abordar a existência desses produtos sem que sejam demonizados, sem esse julgamento moral sobre o uso. Existem estudos sérios sobre isso, mostrando caminhos muito positivos. As terapias com o uso de psicodélicos podem ser grandes aliadas no tratamento de problemas de saúde mental.
Na sua terceira edição, o Festival Híbrido apresenta uma área dedicada ao tema, com curadoria deste jornalista e comemora os três anos da Psicodelicamente, iniciativa independente e pioneira de jornalismo psicodélico no Brasil. Promover esse debate em um evento de grande alcance é uma oportunidade para desmistificar conceitos, combater a desinformação e ampliar o diálogo público sobre essas substâncias.
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Desde a sua criação, em 2022, essa tem sido a missão da Psicodelicamente, tanto no site quanto neste blog aqui na CartaCapital: informar com responsabilidade, ouvindo diferentes vozes e promovendo uma abordagem ética e plural.
Os debates desta edição do Híbrido ocorrem no espaço Psychedelic Talks. A programação se organiza em três eixos principais: ancestralidade, ciência e saúde. Os temas abrangem desde a globalização da ayahuasca e o protagonismo indígena nas discussões climáticas até os desafios para a legalização e o reconhecimento das medicinas tradicionais nas políticas públicas de saúde, incluindo o SUS. Também estão previstas rodas sobre avanços das pesquisas, uso terapêutico e integração psicodélica, reunindo lideranças indígenas, pesquisadores, jornalistas, representantes de centros religiosos e terapêuticos, além de psiconautas em geral.
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Outro espaço do festival é o Salão Psicodelicamente. Durante dois dias, o público poderá circular por uma grande feira com expositores ligados ao universo psicodélico, incluindo editoras, terapeutas, centros de pesquisa, artistas, escritores e projetos inovadores que se debruçam sobre os estados expandidos de consciência e suas múltiplas aplicações nas áreas da saúde, espiritualidade, arte e conhecimento.
Amplie o cardápio de atrações do Salão de Arte Híbrido, onde ocorrerá a homenagem ao artista peruano Pablo Amaringo, pioneiro da pintura visionária amazônica e referência na arte psicodélica global. Sua obra impactou gerações ao retratar, com traço minucioso e delicado, a magia da floresta amazônica e os reinos espirituais descobertos pela ayahuasca.
Foi realizado um convite a novos artistas que exploram a inspiração psicodélica e jovens pesquisadores que atuam na área das ciências psicodélicas. Os selecionados farão parte da galeria e da programação cultural e científica do festival, unindo tradição, memória, novas linguagens visuais e a produção de conhecimento.
O Híbrido, que em 2024 reuniu mais de 10 mil pessoas e movimentou cerca de R$ 3 milhões em negócios, agora apostava em consolidar sua vocação como plataforma de inovação e cultura transformadora. A seleção da banda Ira! como headliner reforçava esse espírito. “Representa a voz de uma juventude inquieta e engajada”, explicava Beto Lago, correalizador do Festival Híbrido e fundador do Mercado Mundo Mix, evento que marcou a cena fashion paulistana na década de 1990.
As inscrições para editoras, expositores, artistas e pesquisadores estão abertas até o final de agosto, através do link: https://tinyurl.com/yeke64e7
Serviço
Híbrido
11 e 12 de outubro
Local: Complexo Tempo. Av. Henry Ford, 511, Parque da Mooca, São Paulo (SP)
Ingressos: Sympla
Fonte por: Carta Capital