Os custos no setor da saúde aumentaram significativamente em 2024, com os medicamentos apresentando um aumento de 16,9%
Relatório aponta que os gastos em hospitais aumentaram acima da inflação e colocam em risco a viabilidade financeira do setor.

O setor médico-hospitalar brasileiro vivenciou em 2024 um cenário de intensa pressão financeira, marcado pelo crescimento dos custos operacionais em diversas áreas. De acordo com o BIP (Boletim Informativo Planisa), lançado recentemente, os preços dos remédios foram os principais responsáveis por essa escalada, com elevação de 16,9% em relação a 2023, superando em quatro vezes a inflação, que ficou em 3,9% no mesmo período.
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Adicionalmente aos ajustes normativos, o relatório aponta o crescimento para o emprego crescente de fármacos de alta complexidade, incluindo imunobiológicos e medicamentos oncológicos. Os materiais hospitalares também exerceram influência significativa, apresentando elevação de 14,2% nos custos.
Serviços essenciais, como os centros cirúrgicos, apresentaram também elevação significativa. A hora cirúrgica registrou aumento de 15%, devido a um crescimento de 19% nos custos com pessoal não médico. O custo por colaborador subiu 8% e os custos gerais e administrativos, 15%.
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Com o aumento de 6% no volume de cirurgias realizadas, a taxa de ocupação das salas diminuiu em 9%, o que intensificou o efeito sobre o custo por procedimento.
No pronto-socorro, o custo médio por paciente aumentou em 17%, devido ao aumento de 10% nos gastos com pessoal e de 12% no custo médio por colaborador. O número total de atendimentos diminuiu em 2%, o que contribuiu para o aumento do custo unitário por serviço prestado.
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Os serviços de diagnóstico também foram impactados. O custo médio dos exames de raio-x subiu 22%, com destaque para o aumento de 18% nos custos gerais e 12% nos gastos com pessoal. Mesmo com a elevação de 45% na produção de exames, os custos por exame mantiveram-se elevados, principalmente nas unidades privadas sem fins lucrativos e gerenciadas por organizações de saúde sociais.
As internações hospitalares seguiram a mesma tendência. Em unidades adultas não críticas, o custo médio subiu 10,4%, atingindo R$ 974. Já a UTI adulta teve aumento mais contido, de 3,3%, passando para R$ 2.505. Internações pediátricas também ficaram mais caras: 11,1% em unidades não críticas e 8,5% em UTIs pediátricas. As UTIs neonatais apresentaram alta de 3,3%.
Os serviços de apoio, incluindo lavanderia e alimentação hospitalar, apresentaram incrementos significativos. O custo médio por quilo de roupa processado elevou-se em 15%, com unidades que contratam o serviço enfrentando aumentos ainda maiores – 31% em mão de obra terceirizada e 33% em materiais. A alimentação dos pacientes, por outro lado, registrou um aumento de 12,3%, com o custo diário subindo de R$ 65 para R$ 73.
Marcelo Carnielo, diretor de Serviços da Planisa e especialista em custos hospitalares, afirma que se observa o impacto de reajustes salariais, a pressão inflacionária sobre insumos médicos e os efeitos residuais da pandemia, como a baixa taxa de ocupação, que reduz a diluição de custos fixos e aumenta o custo unitário.
O autor destaca a necessidade de ações imediatas por parte dos gestores hospitalares e das operadoras de saúde, incluindo a renegociação de contratos, a adoção de protocolos clínicos padronizados, a revisão administrativa e a implementação de modelos de remuneração baseados em valor.
Ferramentas analíticas para monitorar custos e desempenho em tempo real também serão fundamentais para controlar despesas e elevar a previsibilidade orçamentária, afirmou.
A avaliação do especialista aponta uma tendência preocupante: os gastos com saúde seguem em alta, superando a inflação, e a produtividade ainda não atingiu os níveis pré-pandemia.
A sustentabilidade do sistema de saúde dependerá cada vez mais da eficiência na gestão hospitalar, da inovação nos modelos de atenção e da capacidade de adaptação ao ambiente econômico e regulatório em constante transformação, conclui Carnielo.
Fonte por: Poder 360
Autor(a):
Sofia Martins
Com uma carreira que começou como stylist, Sofia Martins traz uma perspectiva única para a cobertura de moda. Seus textos combinam análise de tendências, dicas práticas e reflexões sobre a relação entre estilo e sociedade contemporânea.