Ortinho revive o “Nordeste psicodélico” dos anos 1970 no álbum “Repensista”
No seu sétimo álbum, o cantor e compositor recupera o estilo e a sensação do movimento do qual se considera um legado.

Wharton Gonçalves Coelho, o Ortinho, lembra-se de quando ouvia músicas do movimento “Nordeste psicodélico” nos bares de Caruaru (PE). A psicodelia impactou a cabeça de muitos a partir dos anos 1960, mas ganhou força na década seguinte no Nordeste, influenciando artistas em início de carreira como Zé Ramalho, Lula Cortês, grupo Ave Sangria, Marconi Notaro e Alceu Valença, entre outros.
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“Era uma música que me levava para uma atmosfera em que eu parecia sair do normal do mundo”, recorda Ortinho, em entrevista à CartaCapital. Quando se mudou nos anos 1990 para Recife (PE), foi atrás das pessoas que ouvia – na época, chegou a morar com Lula Cortês, por um ano.
Durante sua participação na banda de rock Querosene Jacaré, também gravou uma música do Ave Sangria, com a participação do vocalista Marco Polo.
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Posteriormente, Ortinho iniciou sua trajetória solo e publicou obras como Ilha do Destino (2002), Somos (2006), Herói Trancado (2010), Nas Esquinas do Coração (2019) e Caruarus (2022). Nenhum deles aprofundou plenamente sua experiência psicodélica.
Em julho do ano corrente, foi lançado nas plataformas digitais o álbum Repensista. “Meus discos são muito diferentes uns dos outros. Neste, assumi essa postura de “Nordeste psicodélico”, afirma. “As músicas que mais ouvi na minha época de pré-adolescente e adolescente são do ‘Nordeste psicodélico’.”
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O movimento foi resgatado em 2018, quando Ortinho lançou o projeto Nordeste Psicodélico, com apresentações em homenagem a essa geração.
Em “Solto no Tempo”, faixa do álbum Somos, participam Rovilson Pascoal (guitarra, violões e produção), Ricardo Prado (baixo e sanfona) e Guilherme Kastrup (bateria). Sandoval Filho executou o teclado.
Outra releitura é de “Quando Eu Olho para o Mar”, de Alceu Valença. Ortinho fez uma versão bem psicodélica da canção.
O álbum apresenta sete faixas inéditas de Ortinho, duas delas em colaboração com Marco Polo: “Grito de uma Arara” e “De repente Cássia Eller” (com Rovilson Pascoal).
Em “Eu e Lia”, o músico homenageia Lia de Itamaracá. Sobre “De Repente Cassia Eller”, Ortinho relata que a cantora apreciava uma música dele com Chico Science, intitulada “Sangue de Bairro”, presente no segundo álbum de Chico Science & Nação Zumbi, Afrociberdelia.
Ela demonstrava grande conhecimento da música pernambucana. Ortinho prometeu compor uma música para Cassia, porém a artista faleceu poucos dias depois.
Além de Chico Science, Ortinho conta com parceiros relevantes como Arnaldo Antunes, Marcelo Jeneci, Lula Queiroga e Junio Barreto.
Em 21 de setembro, Ortinho se apresenta no festival Mimo, em São Paulo (SP). Assista à entrevista:
Fonte por: Carta Capital
Autor(a):
Sofia Martins
Com uma carreira que começou como stylist, Sofia Martins traz uma perspectiva única para a cobertura de moda. Seus textos combinam análise de tendências, dicas práticas e reflexões sobre a relação entre estilo e sociedade contemporânea.