Orquestra alemã com direção israelense participa de festival

Organizações belgas de eventos argumentaram que o maestro da Orquestra Filarmônica de Munique não demonstrava uma posição definida em relação à guerra e…

12/09/2025 17:27

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Orquestra alemã com direção israelense participa de festival
(Imagem de reprodução da internet).

Os organizadores do Festival de Música Clássica de Flandres, em Ghent, tomaram a difícil decisão de cancelar o concerto da Orquestra Filarmônica de Munique, liderada pelo renomado maestro israelense Lahav Shani, devido a preocupações sobre sua posição em relação ao conflito em Gaza.

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A equipe do festival expressou a impossibilidade de garantir a clareza da postura de Shani, que descreveu o que ele considerou como um “regime genocida” de Israel. Em um comunicado divulgado na quarta-feira, 10, eles afirmaram que optaram por se abster de trabalhar com parceiros que não se distanciaram explicitamente desse regime, reconhecendo que Shani “se manifestou a favor da paz e da reconciliação em diversas ocasiões”.

Shani, que está prestes a assumir oficialmente como maestro da Orquestra Alemã na temporada 2026/27, é atualmente diretor musical da premiada Orquestra Filarmônica de Israel. Ele já estava programado para reger o concerto previsto para 18 de setembro na cidade belga de Gent.

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Diante da complexidade da situação e das reações emocionais geradas, o festival considerou inadequado permitir que o concerto ocorresse, priorizando a tranquilidade do evento e a experiência dos visitantes e artistas. O festival belga de música clássica, que acontece desde 1958 e atrai cerca de 50 mil pessoas a Ghent, é um evento de grande importância.

De acordo com o jornal alemão *Zeit*, Shani não possui vínculos públicos com o governo israelense e já liderou a West-Eastern Divan – uma orquestra com sede na Espanha que reúne músicos de países do Oriente Médio, incluindo israelenses e palestinos.

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Shani afirma ter orgulho de representar a cultura israelense, mas se define como embaixador do Estado de Israel, e não do governo, conforme entrevista recuperada pelo jornal britânico *The Guardian*.

Alemanha Considera Decisão Antisemita

O ministro da Cultura da Alemanha, Wolfram Weimer, classificou a decisão como uma “vergonha para a Europa” e acusou o festival de promover “um boicote cultural disfarçado de crítica a Israel”. “Isso é antissemitismo puro e um ataque aos fundamentos da nossa cultura”, declarou.

Weimer enfatizou que a anulação da participação de orquestras alemãs e artistas judeus não deve ser admitida e representa um precedente arriscado. “A Europa não permitirá que espaços culturais sejam determinados por discursos antissemitas”, afirmou. A Alemanha não tolerará tal situação.

O embaixador de Israel na Alemanha, Ron Prosor, também rotulou o ato como “antissemitismo puro”. O primeiro-ministro belga, Bart De Wever, se distanciou da decisão, que ele descreveu como “exagerada”.

Reação Internacional

A Filarmônica de Munique, considerada um “símbolo da cultura alemã e de qualidade mundial”, e a cidade de Munique também manifestaram críticas à decisão do festival, que a consideram uma sanção direcionada aos artistas israelenses. Eles afirmam que excluir indivíduos por sua origem ou religião representa “um ataque aos valores fundamentais europeus e democráticos”.

Em março de 2022, a orquestra removeu o maestro russo Valery Gergiev do cargo de diretor musical devido à sua falta de condenação à invasão da Ucrânia por parte de Moscou.

Fonte por: Carta Capital

Autor(a):

Ambientalista desde sempre, Bianca Lemos se dedica a reportagens que inspiram mudanças e conscientizam sobre as questões ambientais. Com uma abordagem sensível e dados bem fundamentados, seus textos chamam a atenção para a urgência do cuidado com o planeta.