Delegações de mais de 100 nações se encontram no Escritório das Nações Unidas em Genebra nesta terça-feira (5) para retomarem as negociações de um acordo global para reduzir a poluição de plástico, embora haja temores de que os termos não sejam suficientemente fortes.
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As reuniões em Genebra ocorreram após a INC-5 (Comitê Intergovernamental de Negociação) que aconteceu na Coreia do Sul, em novembro de 2024, mas finalizaram sem progressos.
As questões mais controversas abrangem a restrição da produção, a administração de plásticos e produtos químicos perigosos, além do apoio financeiro aos países em desenvolvimento para a implementação do acordo. Não houve consenso sobre a quantidade de resíduos.
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Inger Andersen, diretora executiva do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), afirmou que não desejava observar um resultado final “sem sentido”, mas que a ação rápida era essencial.
“Estamos buscando fazer o que for possível para lidar com a poluição de plástico, inclusive no ambiente marinho, devido aos impactos que são catastróficos”, declarou Andersen.
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Delegados afirmaram à Reuters que os países produtores de petróleo, incluindo Arábia Saudita e Rússia, preveem contestar pontos cruciais do acordo e buscarão implementar medidas voluntárias ou nacionais, o que dificulta o avanço em direção a um acordo legalmente obrigatório para enfrentar as causas fundamentais da poluição por plástico.
Os porta-vozes dos governos da Arábia Saudita e da Rússia não estavam disponíveis para comentar.
Andrés Del Castillo, advogado sênior do Centro de Direito Ambiental Internacional, uma organização sem fins lucrativos que oferece consultoria jurídica a alguns países envolvidos nas negociações, afirmou que os países produtores de petróleo questionam até mesmo os aspectos fundamentais dos danos à saúde decorrentes dos plásticos.
“Nós estamos em um momento de revisão em que tudo o que foi dito, até mesmo o que a ciência nos diz, é altamente politizado”, declarou Del Castillo.
O Departamento de Estado dos EUA anunciou que coordenará uma delegação que apoiará um acordo para diminuir a poluição causada por plásticos, sem impor restrições severas aos fabricantes ou que possam afetar negativamente as empresas americanas.
Um contato próximo das negociações afirmou que os Estados Unidos desejam restringir o escopo do acordo a questões mais abrangentes, incluindo o descarte de resíduos, a reciclagem e o design de produtos.
Nesse momento, o governo do presidente Donald Trump reverteu políticas ambientais, incluindo a revogação de uma antiga determinação sobre emissões de gases de efeito estufa que representam um risco à saúde.
Os cientistas envolvidos nas negociações afirmaram que a diminuição da produção e do descarte de plástico no meio ambiente é fundamental.
A bióloga Melanie Bergmann afirmou: “Descobrimos plástico em todos os lugares que observamos, desde as profundezas do oceano até as montanhas do Himalaia”.
Adicionalmente, destacou-se que fragmentos de plástico já foram detectados no sangue, pulmões e placenta humanos, e que a exposição aos produtos químicos presentes no plástico tem sido associada a uma variedade de efeitos prejudiciais à saúde.
Membros do Greenpeace, organização não governamental que defende a proteção ambiental, manifestaram-se em favor de um “acordo robusto” para “diminuir a produção de plástico” na segunda-feira (4).
Os manifestantes usaram amarelo, vermelho e laranja para representar a gravidade da crise e o risco associado à produção excessiva de plástico.
Graham Forbes, líder da delegação para as negociações do tratado global de plástico, fez um apelo aos líderes mundiais.
Nossa mensagem aos líderes mundiais é que permaneçam firmes e confrontem a indústria de combustíveis fósseis, rejeitem os interesses de alguns países que buscam impedir o avanço e alcatem um acordo sobre um tratado robusto que promova um planeta mais saudável e seguro para todos.
Pesquisadores envolvidos nas negociações sobre o acordo declararam que a diminuição da produção e do descarte de plástico no meio ambiente é fundamental para a saúde pública, visto que a exposição a produtos químicos presentes no plástico tem sido relacionada a uma série de efeitos nocivos à saúde.
Fonte por: CNN Brasil