Orçamento de 2026 e Desafios Fiscais
O orçamento aprovado para 2026 estabelece uma meta de superávit primário de 0,25% do PIB, o que corresponde a R$ 34 bilhões. No entanto, essa projeção é considerada “teórica” e distante da realidade fiscal do Brasil, conforme análise de Rafaela Vitoria, economista-chefe do Inter.
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Durante uma entrevista, Vitoria alertou que o governo continua excluindo diversos gastos da contabilidade oficial, resultando em uma visão distorcida das contas públicas. “Essa meta que o governo coloca no orçamento é um pouco teórica. Precisamos considerar o resultado fiscal após a exclusão de gastos que se acumulam nos últimos anos”, explicou.
Apesar da promessa de superávit, a estimativa real aponta para um déficit próximo de 0,8% do PIB. Mesmo com a aprovação de medidas para aumentar a arrecadação, o déficit deve ficar em torno de 0,5% do PIB, dependendo da reação da economia ao aumento da carga tributária.
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Crescimento Econômico e Projeções
Outro ponto de preocupação destacado pela economista é a expectativa de crescimento econômico. Enquanto o governo projeta um crescimento de 2,4%, o Banco Central estima 1,6% e o mercado, 1,8%. “Esse é um dos riscos que podem levar a um déficit ainda maior do que o esperado”, alertou Vitoria, ressaltando que um crescimento abaixo do projetado resultará em arrecadação menor.
A especialista também mencionou que os dados de crescimento são preocupantes, com um aumento de apenas 1% em comparação ao mesmo mês do ano anterior. A combinação de juros elevados e falta de credibilidade também afeta a situação fiscal.
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Desafios e Soluções para o Desequilíbrio Fiscal
Vitoria destacou que a falta de transparência é um problema. “O resultado dessa combinação entre anúncios do governo e a prática real é evidente no mercado de juros. Atualmente, o Brasil enfrenta taxas de juros extremamente elevadas, com o Tesouro emitindo títulos para financiar o déficit a IPCA mais 7% ou 8%”, afirmou.
Para reverter o cenário de desequilíbrio fiscal, a economista sugere duas frentes de ação. No curto prazo, o governo deve ser mais rigoroso na fiscalização de gastos, evitando irregularidades como as observadas no auxílio-defeso, que cresceu 40% em um ano.
No longo prazo, Vitória defende a revisão das regras estruturais, como a vinculação de programas sociais à valorização do salário mínimo, que atualmente não é compatível com o crescimento do orçamento. Além disso, sugere desvincular os pisos da saúde e da educação do crescimento da arrecadação, pois, atualmente, “à medida que a arrecadação sobe, os gastos também aumentam na mesma proporção”.
