Operadores se apressam em entregar café nos EUA antes da tarifa de Trump

Importadores com sede nos EUA estão divulgando preços de atacado que contemplam uma taxa adicional de 50% para qualquer envio que chegue após 1º de agosto.

16/07/2025 1:13

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Operadores se apressam em entregar café nos EUA antes da tarifa de Trump
(Imagem de reprodução da internet).

Operadores de commodities estão buscando maximizar a quantidade de café brasileiro exportado para os Estados Unidos antes da nova tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, que entrará em vigor em 1º de agosto, informaram nesta terça-feira (15).

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Dados recentes indicam que os preços ao consumidor nos EUA aumentaram em junho, com o custo das tarifas do governo de Trump sendo repassado, inclusive para xícaras de café.

Alguns comerciantes estão desviando navios durante o trajeto, eliminando escalas em outros portos para que os contêineres carregados de café brasileiro entrem nos portos dos Estados Unidos sem o pagamento da taxa de 50%.

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Outros estão enviando para o mercado norte-americano parte do café de origem brasileira que possuem em estoque em países vizinhos, como Canadá ou México, e que originalmente seria destinado ao consumo nesses locais.

Os importadores com sede nos Estados Unidos já estão divulgando preços de atacado, que incluem um adicional de 50% para qualquer embarque que chegue após 1º de agosto.

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“Alteramos o itinerário de algumas remessas para que chegassem aos Estados Unidos com antecedência, o que teria feito uma viagem mais demorada”, declarou Jeff Bernstein, diretor-geral da trading de café RGC Coffee. “No entanto, não conseguimos agilizar o transporte de outras cargas.”

Não existem alternativas disponíveis para o café que ainda não deixou o Brasil.

Os Estados Unidos consomem um terço de todo o café utilizado no mundo, atuando como principal mercado consumidor e como origem de grande parte das misturas comercializadas no maior país consumidor de café do planeta.

Os preços do café nos EUA já subiram consideravelmente após um aumento de 70% no mercado no ano anterior, devido à falta de produção.

A nova tarifa de 50% sobre as importações do Brasil, anunciada na semana passada, provocará uma onda de aumentos de preços, de acordo com agentes do mercado.

É uma modalidade de tributação que está afetando as empresas americanas. Ninguém mais. Nem o Brasil. Nem o presidente Lula.

A cooperativa brasileira de café Expocacer, que elevou suas vendas para os EUA em 15% no ano anterior, declarou que não há viabilidade de renegociação para negócios com entrega após 1º de agosto.

A cobrança de um imposto ocorre internamente, no país importador, portanto, o importador é responsável por pagá-lo e repassá-lo aos consumidores, afirmou o presidente da Expocacer, Simão Pedro de Lima, acrescentando que nenhum acordo de exportação foi fechado com compradores norte-americanos após o anúncio de Trump.

Comerciantes afirmaram que, caso a taxa seja mantida, os movimentos de café no mercado internacional serão reorganizados, com os grãos brasileiros destinados à Europa e à Ásia, e os Estados Unidos aumentando suas compras da África e das Américas do Sul e Central.

Essa alteração não é simples e terá custos mais elevados para os importadores, de acordo com eles.

Um operador de mercado, que preferiu não ter seu nome divulgado, afirmou que o café brasileiro representa um terço das misturas vendidas pelas redes Dunkin Donuts e Tim Hortons. Ele também declarou que o grão brasileiro é amplamente utilizado pela Starbucks.

As três empresas não responderam aos pedidos de comentários.

A Associação Nacional do Café dos EUA se recusou a comentar a tarifa, afirmando que “o café é um elemento essencial na vida cotidiana dos norte-americanos e na economia dos EUA”, ressaltando que dois terços dos adultos norte-americanos consomem café diariamente.

A associação pediu ao governo Trump a isenção de tarifas sobre o café.

Fonte por: CNN Brasil

Ana Carolina é engenheira de software e jornalista especializada em tecnologia. Ela traduz conceitos complexos em conteúdos acessíveis e instigantes. Ana também cobre tendências em startups, inteligência artificial e segurança cibernética, unindo seu amor pela escrita e pelo mundo digital.