Operadores reforçam atenção para possível interrupção no fornecimento de energia e redução na produção

A ausência de recursos flexíveis, tais como usinas de partida rápida, para garantir o fornecimento adequado de energia é um fator apontado pelo operador.

04/09/2025 18:52

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Operadores reforçam atenção para possível interrupção no fornecimento de energia e redução na produção
(Imagem de reprodução da internet).

O ONS considera a situação atual como gerenciável para a operação do setor elétrico, porém, adverte sobre riscos crescentes de interrupções na geração e de queda de demanda no sistema nos próximos anos, devido à escassez de recursos flexíveis, como usinas de partida rápida, para atender adequadamente o fornecimento de energia.

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O diretor de Planejamento do ONS, Alexandre Zucarato, destacou em evento nesta quinta-feira (4) que a operação do sistema elétrico brasileiro se torna progressivamente mais complexa devido à crescente penetração das energias renováveis intermitentes, afirmando que o órgão consegue assegurar o funcionamento do setor de maneira “desotimizada”, ou seja, operando apesar das ineficiências.

Zucarato destacou que existem crescentes riscos de reduções na ordem de vários gigawatts em geração e sobrecarga no Brasil, ao mesmo tempo em que o governo avança lentamente na contratação de mais capacidade para o sistema elétrico.

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O diretor de Planejamento do ONS alertou, durante participação em evento da MegaWhat, que sua equipe já consegue visualizar o momento em que será necessário reduzir a geração, em escala de dezenas de gigawatts diurnamente, e cortar a carga em escala de unidade de gigawatt na noite do mesmo dia. Independentemente do cenário hidrológico, seja com chuva, seja com o período chuvoso atrasado, a situação é preocupante.

O sistema elétrico requer um equilíbrio entre a geração e o consumo de energia. Para evitar falhas no sistema, o ONS deve diminuir a produção dos geradores ou interromper o fornecimento de energia para os consumidores.

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Ele apontou relatório do órgão que indica uma probabilidade de 96% de que, em 2029, ocorra alguma perda de carga devido à insuficiência de potência no sistema elétrico.

O olhar que você possui é assustador, com 96% de probabilidade de você perder carga em todos os cenários. Era para você correr risco de 5% de ter problema, estamos com 5% (de probabilidade) de dar certo.

Zucarato ressaltou que, em um período de cinco anos, será necessário reduzir a produção em mais de 80% das horas diárias, entre as 9h e as 16h.

Destacou-se a relevância da execução, pelo poder executivo, do leilão para ampliar a oferta de capacidade no setor elétrico. O processo licitatório, que já se encontra em atraso, teve suas normas submetidas à consulta pública no mês passado.

O diretor do ONS manifesta preocupação com o fato de que ainda existem muitos obstáculos para a realização efetiva do processo, e a indústria já começa a indicar dificuldades na entrega de equipamentos.

É necessário assegurar que a consulta pública seja concluída, que seja emitida a portaria de diretrizes, que a equipe não resolva judicializar novamente a portaria de diretrizes por não gostar do resultado da consulta pública, que o leilão ocorra, que não haja vácuo, que a cadeia de suprimentos consiga entregar.

Não há mais margem para hesitação. Estamos muito próximos de um ponto de não retorno que preocupa.

Rigidez.

O diretor do ONS destacou que a flexibilidade da matriz elétrica brasileira encontra-se abaixo do desejável, sendo possível operá-la com custo de desotimização.

Se remover tudo que tem, haverá um colapso total, sobrecarga, vai apagar tudo? Não, abre o vertedouro (da hidrelétrica) e está tudo certo. Vamos operar com os recursos que estiverem disponíveis. O vertedouro não é para ser operado como um “anticongelante”, não é para isso que ele foi feito, mas se o sistema for colapsar… Existe solução, mas a questão é: qual a eficiência dessa solução?

A rigidez da estrutura brasileira provoca uma série de circunstâncias negativas e que aumentam os custos operacionais.

Geradores térmicos, que só são necessários no final do dia, para compensar a saída da energia solar, são ligados várias horas antes, devido à sua rampa de operação, o que agrava os cortes de geração de outras fontes, como as renováveis.

Zucarato afirmou que o ONS está concentrando todos os recursos no período seco atual, por meio de manobras hidráulicas operacionais e da utilização do “máximo possível” dos ativos existentes, o que pode aumentar os custos.

Uma das medidas é a ativação de usinas termelétricas movidas a GNL (gás natural liquefeito), considerando que seus regimes de despacho exigem comunicação prévia de 60 dias.

Em Porto Sergipe, a produção é de 1.500 MW em regime contínuo, 24 horas por dia, 7 dias por semana, durante algumas semanas nesta transição do período seco para o período chuvoso. Quando se pensou no modelo de contrato com 60 dias para viabilizar a entrada de GNL, no passado, não se tinha visibilidade do que seria necessário (atualmente).

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Fonte por: CNN Brasil

Autor(a):

Ambientalista desde sempre, Bianca Lemos se dedica a reportagens que inspiram mudanças e conscientizam sobre as questões ambientais. Com uma abordagem sensível e dados bem fundamentados, seus textos chamam a atenção para a urgência do cuidado com o planeta.