OMC pede redução de tensões comerciais entre EUA e China

A diretora-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Ngozi Okonjo-Iweala, solicitou aos EUA e à China que reduzam as tensões comerciais. Ela alertou que uma dissociação entre as duas maiores economias do mundo poderia resultar em uma diminuição de 7% na produção econômica global a longo prazo.

Em entrevista à Reuters, Okonjo-Iweala expressou a preocupação do órgão com o recente aumento das tensões comerciais. Ela revelou que conversou com autoridades de ambos os países para promover o diálogo. “Estamos obviamente preocupados com qualquer escalada nas tensões entre os EUA e a China”, afirmou, ressaltando que ambos os lados recuaram na primeira escalada tarifária no início do ano, evitando consequências mais graves.

Expectativas de diálogo

Okonjo-Iweala espera que os dois países consigam novamente evitar uma escalada. “Realmente esperamos que os dois lados se unam e diminuam a tensão, pois isso teria implicações não apenas para as duas economias, mas também para o restante do mundo”, disse.

Ela destacou que ambos os lados compreendem a importância de manter boas relações, considerando as repercussões para a economia global e para outras nações. Segundo ela, qualquer dissociação que divida o mundo em blocos comerciais resultaria em “perdas significativas do PIB global no longo prazo — perdas de até 7% do PIB global e perdas de bem-estar de dois dígitos para os países em desenvolvimento”.

Previsões da OMC

Na semana passada, a OMC revisou drasticamente sua previsão de crescimento do volume do comércio global de mercadorias para 2026, reduzindo de 1,8% em agosto para 0,5%. Essa revisão foi atribuída aos impactos tardios esperados das tarifas do presidente dos EUA, Donald Trump.

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A OMC, no entanto, elevou sua previsão de crescimento do comércio global de mercadorias para 2,4% em 2025. Essas previsões foram divulgadas antes que a relativa calma dos últimos meses fosse interrompida, quando a China impôs novos controles de exportação de metais de terras raras essenciais para o setor de tecnologia, e Trump anunciou novas taxas de 100% sobre as importações chinesas a partir do próximo mês.

Estabilidade financeira e comercial

Okonjo-Iweala também se dirigiu a autoridades do G20, afirmando que não pode haver estabilidade financeira global sem estabilidade comercial. “As pressões sobre o sistema não diminuíram e podem se intensificar”, alertou. “Os efeitos completos das tarifas recentes ainda não foram sentidos. O desvio de comércio está alimentando o sentimento protecionista em outros lugares, e a escalada das tensões entre os Estados Unidos e a China continua sendo um risco sério.”