Obesidade: nova diretriz foca em abordagem criteriosa com Wegovy e Mounjaro

A associação recomenda o tratamento de pacientes com complicações da obesidade, independentemente do valor do Índice de Massa Corporal, que seja inferior a 30.

30/05/2025 12h05

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(Imagem de reprodução da internet).

A nova Diretriz Brasileira para o Tratamento Farmacológico da Obesidade, divulgada pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), estabelece a priorização do uso adequado de medicamentos para perda de peso, incluindo Wegovy, Mounjaro e Saxenda, mesmo em pacientes com Índice de Massa Corporal (IMC) inferior a 30, sempre que houver critérios clínicos pertinentes.

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O documento, apresentado na abertura do Congresso Brasileiro de Obesidade e Síndrome Metabólica (CBOSM) 2025, reconhece a obesidade como uma doença crônica que necessita de acompanhamento contínuo. Adicionalmente, em contraste com as abordagens prévias, que enfatizavam o IMC como critério para a prescrição de medicamentos, a nova diretriz prioriza a personalização do tratamento.

Não é uma receita de bolo, mas um guia clínico construído com base em evidências e voltado à realidade brasileira. Ele respeita a individualidade do paciente e valoriza a decisão compartilhada, afirma Fernando Gerchman, endocrinologista e membro do Departamento Científico da Abeso.

O documento apresenta 35 recomendações fundamentadas em evidências científicas e alinhadas com o consenso de 15 sociedades médicas.

A nova diretriz brasileira define novos critérios para o diagnóstico de obesidade, indicando o tratamento de pacientes com complicações associadas à obesidade, mesmo quando o IMC estiver abaixo de 30, levando em conta a circunferência da cintura e a relação cintura/altura.

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O documento também recomenda que o tratamento medicamentoso deva ser acompanhado, desde o início, por alterações no estilo de vida. Além disso, sugere a preferência por medicamentos com alta ou moderada eficácia para o emagrecimento, como a liraglutida (Saxenda), da semaglutida (Ozempic e Wegovy) e da tirzepatida (Mounjaro).

A nova orientação sugere o emprego desses fármacos, mesmo que de forma não aprovada, como Ozempic e Mounjaro, que foram autorizados para o tratamento do diabetes tipo 2, porém demonstraram segurança e eficácia para a perda de peso em estudos clínicos.

Esses medicamentos apresentaram benefícios notáveis em ensaios clínicos extensivos. A semaglutida, por exemplo, diminuiu em 20% os eventos cardiovasculares em pacientes com obesidade e histórico de doença cardíaca. Já a tirzepatida demonstrou, em estudo com indivíduos com pré-diabetes, uma redução de 99% na incidência de diabetes tipo 2.

É também recomendado que as decisões sobre o tratamento sejam tomadas considerando os padrões de comportamento, a alimentação e as preferências dos pacientes, com atenção a fatores genéticos, psicológicos, sociais e ambientais, além de outras características individuais.

“Detectamos que, ao categorizar pacientes considerando seus hábitos alimentares, é possível proporcionar um tratamento mais específico e eficiente”, afirma Gerchman.

Essa estratégia possibilita que os médicos escolham os medicamentos conforme o perfil de cada indivíduo, levando a uma maior adesão. “O acolhimento e a escuta são fundamentais para o sucesso teraputico. Precisamos ser parceiros dos nossos pacientes. Isso compreende ouvir as preferências, respeitar os objetivos e aplicar o tratamento mais eficaz possível dentro da realidade de cada um”, declarou João Eduardo Salles, membro do Departamento Científico da Abeso, na apresentação.

A diretriz também contraindica fórmulas magistrais com substâncias não validadas ou potencialmente perigosas, como diuréticos e hormônios, e alerta que o tratamento da obesidade deve ser contínuo. “O que os estudos mostram é que, quando o medicamento é interrompido, o peso volta”, reconhece a diretriz e recomenda a manutenção terapêutica com reavaliação constante, explica o Marcio Mancini.

Inclui-se, entre outros aspectos relevantes da nova diretriz:

A apresentação da diretriz ocorreu em uma sessão especial do CBOSM 2025, e a publicação deve acontecer ainda no primeiro semestre deste ano.

Novo estudo aponta que 25% dos adolescentes apresentarão obesidade ou sobrepeso em 2030.

Fonte por: CNN Brasil

Autor(a):

Com uma carreira que começou como stylist, Sofia Martins traz uma perspectiva única para a cobertura de moda. Seus textos combinam análise de tendências, dicas práticas e reflexões sobre a relação entre estilo e sociedade contemporânea.