O vício em jogos ocupa a terceira posição entre as principais causas de dependência no Brasil, segundo um especialista
O tema será discutido no “CNN Sinais Vitais – Dr. Kalil Entrevista” no sábado (14).

O aumento de indivíduos dependentes de jogos de azar tem gerado preocupação entre especialistas na área. Segundo Hermano Tavares, professor do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, o vício em jogos já é o terceiro tipo de dependência mais frequente no Brasil.
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O especialista e a psicóloga Maria Paula Magalhães, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, são os convidados do Dr. Roberto Kalil para o “CNN Sinais Vitais – Dr. Kalil Entrevista” deste sábado (14), que discutirá sobre os transtornos do impulso.
Podem se manifestar de diversas maneiras, ainda pouco compreendidos, e estão associados ao uso excessivo de redes sociais, ao consumo descontrolado de pornografia e a compras compulsivas, por exemplo. Recentemente, a dependência de jogos de azar também tem sido identificada nesse contexto.
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Em termos de incidência, de frequência na população, a dependência mais comum é o tabaco, seguido pelo álcool. O jogo ocupa o terceiro lugar, e já começa a se aproximar do segundo, devido à sua gravidade porque se associa à ruptura familiar, desemprego, endividamento crônico e ideação suicida, afirma Tavares. Segundo o especialista, entre os pacientes que procuram tratamento para o problema, 80% já disseram ter considerado a ideia de tirar a própria vida.
A elevação da internet e do uso de smartphones intensificou o problema do vício em jogos de azar, que não são recentes. “Atualmente, esses ambientes de jogo, altamente elaborados, estão no bolso de cada brasileiro. Assim, há uma mudança radical na forma de acesso e até de pensar sobre a relação com o jogo”, explica Tavares.
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Maria Paula complementa: “Atualmente, o indivíduo pode jogar sozinho e ninguém está observando. Porque se a pessoa vai ao cassino, ela tem que se deslocar até lá, há regras, horário de funcionamento, a pessoa cansa e volta para casa.”
Como se realiza o diagnóstico de vício em jogos?
Para identificar a dependência em jogos, é preciso, primeiramente, observar os sinais. Chama-se dos “três Cs”. O primeiro “C” é controle. Quando você vai jogar, você acaba perdendo o controle. Porque você joga por mais tempo do que queria, ou aposta mais dinheiro do que queria, perde mais dinheiro do que você imaginou que poderia perder.
Já o segundo é de “confronto” com as emoções. É assim: quando eu estou angustiado, triste, ou simplesmente entediado, aqui você vai jogar. Isso é outro sinal de alerta, completa. O terceiro e último item é o “C” da “caça”: “É a caça do resultado”, afirma.
Especialistas advertem que os lucros efetivos obtidos com jogos contribuem para a manutenção do hábito de continuar apostando. “Esta é a principal recompensa”, afirma Maria Paula. Segundo a psicóloga, a questão é que o apostador contabiliza os ganhos, mas não registra as perdas. “As perdas ocorrem muito rapidamente. Por isso é importante dizer: é jogo de azar. Você está fazendo uma aposta. Você está se expondo a riscos”, reitera.
Vício em jogos recebe tratamento.
O tratamento do vício em jogos pode ser realizado com apoio psicológico e, em certos casos, com medicação. “A indicação da medicação é para tratar a comorbidade psiquiátrica”, afirma Tavares.
De acordo com o professor, três a cada quatro atletas que buscam atendimento apresentam alguma condição associada, como depressão e ansiedade, entre outras.
Contudo, especialistas apontam que uma medicação específica para o tratamento da dependência de jogos está no horizonte. “Há uma medicação desenvolvida nos anos 70 para tratar a dependência de opioides. Nas décadas de 90, ela foi aprovada em bula para o tratamento da dependência de álcool. E acredito que a aprovação em bula para o tratamento de jogo é uma questão de mais alguns anos. Não é um milagre encapsulado, mas reduz as recaídas em até 30%”, afirma Tavares.
Ambos os especialistas reforçam a importância de buscar ajuda. “Eu gosto de dizer que, em vez de voltar e tentar recuperar o que você perdeu no jogo, a saída é: aposte em si próprio, insista, porque faz diferença”, finaliza Maria Paula.
O programa “CNN Sinais Vitais – Dr. Kalil Entrevista” será exibido no sábado, dia 14 de junho, às 19h30 na CNN Brasil.
As apostas e jogos de azar: quando pode se tornar um vício?
Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Lucas Almeida
Lucas Almeida é o alívio cômico do jornal, transformando o cotidiano em crônicas hilárias e cheias de ironia. Com uma vasta experiência em stand-up comedy e redação humorística, ele garante boas risadas em meio às notícias.