O Senado dos EUA não deve impedir a aprovação da medida, porém busca um diálogo direto com o Congresso americano

Jaques Wagner manifesta incerteza em relação à postergação da nova tarifa; Nelsinho Trad, do PSD, defende a reconstrução da confiança.

28/07/2025 13:53

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(Imagem de reprodução da internet).

A missão oficial do Senado nos Estados Unidos iniciou-se oficialmente na segunda-feira, 28. O aviso foi emitido pelo líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), durante o primeiro encontro da delegação brasileira com autoridades diplomáticas e especialistas em comércio internacional. “Acredito que não é possível adiar a entrada em vigor. O que estamos fazendo é diplomacia parlamentar. É preciso que os governos se entendam. Estamos aqui para contribuir”, declarou o senador.

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O encontro teve a presença de sete senadores, representantes do Itamaraty, ministros da embaixada e do ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, Roberto Azevêdo. A missão, coordenada pela Comissão de Relações Exteriores do Senado, é liderada por seu presidente, o senador Nelsinho Trad (PSD-MS). O grupo visa reabrir canais diretos com o Congresso americano e amenizar o clima político em face da medida unilateral anunciada por Donald Trump.

Trad declarou que o Brasil almeja construir, e não confrontar. Ele enfatizou a importância de preservar uma relação de 200 anos que é sólida e mutuamente benéfica. Para Trad, o papel dos senadores é proporcionar um espaço para a escuta política e diplomática. “A partir do momento em que alcançarmos isso, penso que a missão já terá cumprido seu primeiro objetivo: criar o ambiente necessário para que o governo federal possa negociar.”

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A embaixadora Maria Luiza Viotti explicou que o diálogo entre os governos já havia começado em março, com uma videoconferência entre o vice-presidente brasileiro e o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer. Essa reunião levou à criação de um grupo técnico bilateral e à apresentação, por parte do Brasil, de dados que questionam a imagem de protecionismo divulgada em Washington. Ela afirmou que a tarifa média efetiva brasileira é de apenas 2,7%, inferior à média global.

Recebemos com surpresa a carta de anúncio das tarifas adicionais. O diálogo vinha fluindo, nossas considerações estavam sendo levadas em conta. Ainda assim, seguimos à disposição para dialogar. Afirmou Viotti. A diplomata também relatou que há ações judiciais em curso nos EUA. Uma delas, movida pela Johana Foods, que importa suco de laranja brasileiro, solicita a suspensão imediata da tarifa antes de 1º de agosto. Outra ação, mais ampla, tem apoio de empresas e parlamentares norte-americanos e pode abrir um precedente jurídico relevante.

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Roberto Azevêdo, que liderou a OMC de 2013 a 2020, argumenta que o presente impasse deve ser visto como uma chance. “O que está ocorrendo agora está levando o governo, o empresariado e a sociedade brasileira a reconsiderarem a forma de conduzir negócios e como se relacionar com os Estados Unidos. Não devemos desperdiçar essa mobilização”, afirmou. Ele também alertou para os riscos de distorções políticas: “Noventa por cento das crises das quais participei eram disso: percepção equivocada. Não podemos nos envolver novamente nisso.”

A delegação brasileira é composta ainda pelos senadores Tereza Cristina (PP-MS), Fernando Farias (MDB-AL), Marcos Pontes (PL-SP), Esperidião Amin (PP-SC), Rogério Carvalho (PT-SE) e Carlos Viana (Podemos-MG). Eles são acompanhados por assessores, diplomatas brasileiros e representantes da ApexBrasil. A programação desta segunda-feira inclui encontro com lideranças empresariais na Câmara de Comércio dos EUA.

Até quarta-feira, 30, a missão prossegue com reuniões com senadores americanos, democratas e republicanos, e visitas institucionais ao Brazil–U.S. Business Council e à Americas Society/Council of the Americas, em Nova York. O grupo também trabalha na construção de um grupo interparlamentar permanente Brasil–Estados Unidos, para fortalecer a diplomacia legislativa e ampliar a cooperação em temas como infraestrutura, bioenergia e sustentabilidade.

Fonte por: Carta Capital

Autor(a):

Com uma carreira que começou como stylist, Sofia Martins traz uma perspectiva única para a cobertura de moda. Seus textos combinam análise de tendências, dicas práticas e reflexões sobre a relação entre estilo e sociedade contemporânea.