O que ocorre no organismo quando consumimos excesso de açúcar

O consumo excessivo de açúcar pode impactar o metabolismo, comprometer órgãos importantes e elevar o risco de desenvolver doenças crônicas.

09/09/2025 7:42

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O que ocorre no organismo quando consumimos excesso de açúcar
(Imagem de reprodução da internet).

Sobremesas, bebidas gaseificadas, doces, sucos artificiais e até alimentos industrializados. O açúcar está presente em diversos produtos consumidos diariamente pela população, frequentemente de maneira oculta.

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Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cada brasileiro consome aproximadamente 30 kg de açúcar por ano. Contudo, a recomendação da OMS é que o consumo máximo da substância seja de 18,2 kg nesse mesmo período. Qual será o impacto do consumo diário de açúcar no corpo?

A opinião dos especialistas é evidente: o problema não reside em um consumo ocasional, mas na frequência e na quantidade. Desfrutar de um pedaço de bolo no aniversário ou compartilhar uma sobremesa no fim de semana não é o que prejudica a saúde.

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A preocupação surge quando o açúcar se torna parte da rotina diária. É nesse ponto que o organismo começa a sofrer os efeitos do excesso e a apresentar sinais de alerta.

Quais são os processos que ocorrem no corpo após o consumo de açúcar.

Conforme a nutricionista Beatriz Lugli, da Clínica Viver Bem Mais, a digestão e absorção do organismo são rápidas após a ingestão de uma refeição rica em açúcares. “Isso leva ao aumento da glicemia e liberação de insulina, que facilita a entrada da glicose nas células. Essa glicose é utilizada como energia imediata pelas células, mas o que não for utilizado pode ser armazenada no fígado (glicogênio hepático), nos músculos (glicogênio muscular) ou, em excesso, convertido em gordura”, afirma a nutricionista.

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A endocrinologista Lyz Helena Aires Lopes ressalta que o consumo excessivo de açúcar pode causar alterações em alguns órgãos. A especialista aponta que o excesso de glicose no sangue leva o pâncreas a liberar insulina, hormônio responsável por permitir que o açúcar seja absorvido pelas células e transformado em energia. “Este é um processo natural e essencial para o equilíbrio do organismo”, declara a médica.

Contudo, quando a glicose se mantém persistentemente elevada, o pâncreas é forçado a operar de forma excessiva. Essa sobrecarga, ao longo do tempo, pode causar o esgotamento e a diminuição da produção de insulina, favorecendo o surgimento de doenças como o diabetes tipo 2, afirma a especialista.

Quais são os sintomas mais frequentes associados ao consumo excessivo de açúcar?

A nutricionista Beatriz Lugli indica que existem certos indicadores que podem revelar o excesso de açúcar no organismo.

  • Variações de energia.
  • Mudanças de humor e dificuldade de concentração.
  • Aumento da fome.
  • Aumento significativo no desejo por doces e carboidratos de rápida absorção.

A nutricionista continua abordando os efeitos do consumo excessivo de açúcar no corpo. Segundo a especialista, sinais de que o consumo pode exceder a capacidade metabólica incluem o ganho gradual de peso, especialmente o acúmulo de gordura abdominal, episódios recorrentes de fadiga e alterações em exames de laboratório, como os níveis de insulina.

Consumo exagerado de açúcar provoca alterações no corpo.

A endocrinologista destaca o esforço do pâncreas na produção de insulina. “O consumo frequente de açúcar causa picos repetidos de glicose no sangue. Para controlar esses picos, o pâncreas libera grandes quantidades de insulina. Com o tempo, esse excesso de estímulo leva as células a responderem menos à insulina, fenômeno conhecido como resistência insulínica”, explica a especialista.

Atualmente, conforme Lopes, o pâncreas necessita operar com maior intensidade e gerar volumes crescentes de insulina. Contudo, em determinado ponto, ele perde a capacidade de compensar. Isso leva ao aumento contínuo e duradouro da glicose no sangue, o que propicia o desenvolvimento do diabetes tipo 2.

Entretanto, não é somente o pâncreas que sofre com o consumo excessivo de açúcar. Segundo a Beatriz, o fígado é o principal destino da glicose excedente, podendo desenvolver acúmulo de gordura nas células hepáticas. O coração também pode ser afetado indiretamente, já que o consumo exacerbado pode influenciar no aumento de colesterol, triglicerídeos e processos inflamatórios.

Quantidade recomendada de açúcar por dia

Para prevenir os efeitos nocivos do consumo exagerado de açúcar, Lugli pondera sobre a quantidade adequada da substância na rotina diária. Segundo ela, “não há um valor único que se aplique a todas as pessoas, já que a tolerância ao açúcar depende de fatores como idade, gasto energético, composição corporal, histórico familiar e presença de doenças metabólicas”.

A nutricionista ressalta que, segundo a OMS, a recomendação de açúcares adicionados – aqueles inseridos em produtos industrializados ou utilizados no preparo de alimentos e bebidas – não deve exceder 10% do valor calórico diário, sendo preferível mantê-lo abaixo de 5%.

É importante notar que essas sugestões não se referem ao açúcar naturalmente presente em alimentos, como frutas, verduras e leite, uma vez que nesses casos ele está associado a fibras, proteínas, vitaminas e minerais, que regulam sua absorção e diminuem os efeitos metabólicos, segundo a especialista.

Para assegurar a segurança no consumo de açúcar, o ideal, conforme Beatriz, é considerar o contexto da dieta em sua totalidade. Isso significa adotar uma alimentação fundamentada em alimentos não processados, incluindo frutas, verduras, grãos integrais e proteínas de qualidade, permitindo o consumo ocasional de sobremesas sem comprometer a saúde metabólica.

Não é o consumo diário em pequenas quantidades que causa danos permanentes. O risco surge com a ingestão frequente e em excesso, ou seja, a combinação desses dois fatores, podendo levar à resistência à insulina, dislipidemia e acúmulo de gordura hepática, declara Beatriz.

O consumo de bebidas açucaradas aumentou entre crianças e adolescentes.

Fonte por: CNN Brasil

Autor(a):

Apaixonada por cinema, música e literatura, Júlia Mendes é formada em Jornalismo pela Universidade Federal de São Paulo. Com uma década de experiência, ela já entrevistou artistas de renome e cobriu grandes festivais internacionais. Quando não está escrevendo, Júlia é vista em mostras de cinema ou explorando novas bandas independentes.