O primeiro-ministro do Japão anuncia sua renúncia

A decisão provoca incerteza, em um período de enfrentamento com inflação superior ao previsto e os impactos das tarifas americanas.

07/09/2025 13:19

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O primeiro-ministro do Japão anuncia sua renúncia
(Imagem de reprodução da internet).

O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, anunciou, no domingo 7, que renunciará ao cargo após menos de um ano no poder, devido às derrotas eleitorais sofridas por seu partido nas câmaras legislativas durante seu mandato, que resultaram na perda da maioria em ambas as casas.

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A desistência de Ishiba provoca incertezas no Japão, em um cenário onde o país enfrenta inflação elevada e as implicações das tarifas alfandegárias americanas sobre seu setor automobilístico, um componente essencial da economia.

Ishiba, político de 68 anos, renunciará menos de um ano após assumir a liderança do Partido Liberal Democrata (PLD), tornando-se chefe do Governo.

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Declarou ter renunciado à presidência do Partido Liberal Democrático, após diversos veículos de comunicação locais notaram sua demissão.

“Com o encerramento das negociações sobre as tarifas americanas, considero o momento oportuno. Decidi avançar e abrir caminho para a próxima geração”, declarou.

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No contexto da guerra comercial que impacta o planeta, o Japão, a quarta maior economia global, obteve da assinatura, na quinta-feira, por parte do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de um decreto para diminuir as tarifas sobre os veículos japoneses, no âmbito de um acordo comercial.

Os Estados Unidos aplicaram, no início de agosto, tarifas alfandegárias elevadas sobre produtos japoneses, assim como com dezenas de outros países.

O governo de Ishiba alcançou, por fim, a negociação de uma tarifa de 15% sobre automóveis, em detrimento dos atuais 27,5%, e para diversos outros produtos a taxação também será limitada a 15%.

A diminuição das tarifas representou uma conquista para o governo japonês, que enviou um enviado a Washington para assegurar que Trump sancionasse o decreto, visto que os dois países haviam anunciado um acordo no final de julho e surgiram dúvidas sobre desvios em certos aspectos.

Recuperação em pesquisas

Ishiba, que pertence à minoria cristã do Japão, é filho de um governador regional e alcançou a liderança de seu partido em 2024, após cinco tentativas.

Ele tomou posse como primeiro-ministro em setembro de 2024, com a garantia de “construir um novo Japão”, impulsionar as regiões rurais e combater a “crise demográfica” que se manifesta pela redução da população.

Convocou eleições para a Câmara baixa e, nesse pleito, ocorrido em outubro de 2024, seu partido alcançou os piores resultados em 15 anos e sua coalizão com a formação Komeito perdeu a maioria.

Em julho passado, houve uma grande perda de apoio no Senado e surgiram especulações sobre sua possível renúncia.

A emissora NHK informou que Ishiba buscava evitar fragmentações dentro de seu partido, uma formação conservadora que controlou o cenário político japonês e governou o país quase ininterruptamente desde 1955.

O jornal Asahi Shimbun apontou que Ishiba não cedeu à pressão crescente por sua renúncia.

O primeiro-ministro teve reunião, no sábado à noite, com o ministro da Agricultura, Shinjiro Koizumi, e com o ex-primeiro-ministro Yoshihide Suga, uma figura influente do partido, que o solicitaram que renunciasse, de acordo com a imprensa.

Na semana passada, quatro executivos de alto escalão do PLD, incluindo o seu secretário-geral, Hiroshi Moriyama, também anunciaram suas demissões.

Os críticos de Ishiba em seu partido solicitaram sua renúncia para responder pelos resultados eleitorais, principalmente após a derrota de julho.

O influente ex-primeiro-ministro Taro Aso, de 84 anos, também estava entre os que defenderam seu afastamento, conforme noticiado pela imprensa.

O governo de Ishiba como líder do partido estava previsto para concluir-se em setembro de 2027 e, na semana passada, houve um aumento das pressões para a convocação de eleições antecipadas no partido, o que, no sistema parlamentar japonês, tem o mesmo efeito de uma moção de censura.

Sanae Takaichi, vista como a principal opositora de Ishiba, anunciou formalmente sua candidatura na terça-feira, sendo considerada uma nacionalista de posição conservadora.

Recentemente, estudos indicam uma retomada do apoio ao governo Ishiba após o acordo comercial com os Estados Unidos e a mudança na política de incentivo à produção agrícola.

Fonte por: Carta Capital

Autor(a):

Com formação em Jornalismo e especialização em Saúde Pública, Lara Campos é a voz por trás de matérias que descomplicam temas médicos e promovem o bem-estar. Ela colabora com especialistas para garantir informações confiáveis e práticas para os leitores.