O presidente Xi Jinping não comparecerá à cúpula do Brics
O analista da CNN acredita que o grupo não é a principal preocupação do líder chinês.

A reunião de chefes de estado do grupo Brics, composto por economias emergentes, inicia neste domingo (6) no Brasil, sem a presença de seu líder mais influente.
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Em sua primeira vez em mais de uma década no poder, o líder chinês Xi Jinping, que utilizou o Brics como um pilar central de sua estratégia para redefinir o equilíbrio de poder global, não comparecerá à reunião anual de líderes.
A ausência de Xi na cúpula de dois dias no Rio de Janeiro ocorre em um momento crítico para o Brics, cuja sigla é resultado dos países fundadores Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e que, a partir de 2024, incorporou Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã.
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Alguns dos integrantes possuem um prazo até o dia 9 de julho para negociar tarifas dos Estados Unidos que estão prestes a ser aplicadas pelo presidente americano Donald Trump. Contudo, todos lidam com a incerteza econômica global decorrente da ruptura nas relações comerciais dos EUA – o que acentua a pressão sobre o grupo para exibir solidariedade.
A falta de Xi implica que o líder chinês está perdendo uma oportunidade fundamental de apresentar a China como uma alternativa sólida à liderança dos Estados Unidos. Essa é uma imagem que Pequim tem buscado projetar para o Sul Global, e que se fortaleceu com a política “América em Primeiro Lugar” implementada por Trump e a decisão dos EUA, no mês passado, de se unirem a Israel em ataques contra instalações nucleares iranianas.
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Contudo, conforme apontam analistas, a decisão de Xi Jinping de enviar, em vez de comparecer, Li Qiang, seu número dois, não sugere que Pequim tenha diminuído a importância que confere ao Brics, nem que o grupo tenha perdido relevância em sua estratégia de construir alianças para equilibrar o poder ocidental.
A iniciativa BRICS faz parte das ações de Pequim para assegurar que não esteja cercada pelos países aliados dos Estados Unidos, afirmou Chong Ja Ian, professor associado da Universidade Nacional de Singapura.
Essa pressão pode ter diminuído com Trump no poder, acrescentou Chong, referindo-se à reconfiguração das relações dos EUA até mesmo com parceiros-chave.
Para Xi, o BRICS pode não ser sua maior prioridade neste momento, visto que ele está focado em conduzir a economia doméstica da China. Segundo ele, Pequim também pode ter expectativas modestas quanto a grandes avanços na cúpula deste ano.
<h2 Presenças e ausências no Brics
O presidente Xi não será o único líder que ausentar-se-á do encontro no Rio.
O presidente russo Vladimir Putin participará somente por videoconferência, da mesma forma que fez no grupo Brics na África do Sul em 2023. Isso se deve ao fato de que, assim como a África do Sul, o Brasil é signatário do Tribunal Penal Internacional (TPI) e, portanto, teria a obrigação de prender Putin com base em uma acusação do tribunal por crimes de guerra na Ucrânia.
A falta de dois líderes globais de destaque abre espaço para a visita do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, tanto à cúpula quanto em visita oficial ao Brasil. O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, também está previsto para participar do evento.
Países parceiros do Brics, incluindo alguns que almejam ingressar no bloco, enviarão delegações à cúpula. Ainda há incerteza em relação à aceitação do convite para que a Arábia Saudita se torne membro pleno.
A ausência de Xi pode ter um impacto menor para o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, considerando que o líder chinês visitou o país em novembro passado para a cúpula do G20 e uma visita de Estado, ocasião em que ele e Lula assinaram uma série de acordos de cooperação. Lula também visitou a China em maio, após comparecer a um desfile militar em Moscou ao lado do líder chinês.
De acordo com analistas, a recente atividade diplomática, as baixas expectativas em relação a grandes avanços na cúpula deste ano e o foco intensificado em questões internas provavelmente influenciaram a decisão de Xi de enviar Li Qiang, seu segundo no comando e homem de confiança.
A China apresenta desafios econômicos significativos, considerando as tensões comerciais com os Estados Unidos, e seus líderes estão envolvidos em definir o curso do país para os próximos cinco anos, diante de um importante evento político planejado para esta mesma ano.
No Rio, deverá conduzir esforços para fortalecer vínculos energéticos entre Pequim e os principais exportadores de petróleo do Brics, além de promover o uso expandido da moeda digital e offshore da China no comércio dentro do grupo, afirmou Brian Wong, professor assistente da Universidade de Hong Kong. Ele ressaltou que a ausência de Xi não deve ser entendida como um desinteresse no Brics.
Ainda que seja na cooperação sino-russa ou no anseio de Pequim de projetar sua suposta hegemonia sobre o Sul Global, muito no Brics+ ecoa a visão de mundo de Xi para a política externa, declarou Wong, em referência ao grupo expandido.
<h2 Alternativa à dolarização
Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Lara Campos
Com formação em Jornalismo e especialização em Saúde Pública, Lara Campos é a voz por trás de matérias que descomplicam temas médicos e promovem o bem-estar. Ela colabora com especialistas para garantir informações confiáveis e práticas para os leitores.