O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, solicitou na terça-feira, 29 de abril, à embaixada dos Estados Unidos em Bogotá que “não interfira na justiça” de seu país, após Washington criticar a condenação do ex-presidente Álvaro Uribe por suborno de testemunhas.
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Uribe foi o primeiro ex-presidente colombiano a ser condenado em um processo penal. Ele foi considerado culpado por incitar um paramilitar a depor em sua defesa e remover-se da responsabilidade diante das milícias de extrema direita que atuavam contra as guerrilhas durante os momentos mais críticos do conflito armado na Colômbia.
O ex-presidente, que anunciou que apelará da sentença, é um antigo aliado de Washington. O chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, denunciou na segunda-feira uma “instrumentalização do poder judicial colombiano por parte de juízes radicais”.
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O presidente de esquerda Petro, que mantém uma relação tensa com seu par americano Donald Trump, classificou o posicionamento como uma “interferência na soberania nacional”.
O presidente Petro afirmou, na terça-feira, que não solicita à embaixada dos Estados Unidos na Colômbia que interfira na justiça do país, em resposta a uma mensagem dessa representação que reproduzia as palavras de Rubio.
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Em um evento público, Petro também criticou os congressistas republicanos que se uniram a Uribe.
“Qual o motivo de abaixar a cabeça para um congressista que vai insultar nossos juízes hoje? […]. Ou será que voltamos a ser colônia?”, declarou o presidente em um evento em Santa Marta, no norte do país.
O ministro Petro afirma que a Justiça colombiana está sendo “agredida por um governo estrangeiro”.
Colômbia e Estados Unidos solicitaram consultas entre seus principais representantes diplomáticos em Bogotá e Washington, respectivamente, em meio a uma recente escalada na tensão diplomática.
Petro chegou a incluir Rubio em um suposto plano golpista da extrema direita colombiana e americana, mas posteriormente se retratou.
Contudo, as relações já estavam comprometidas desde janeiro, quando Bogotá se recusou a receber um avião americano com deportados colombianos, alegando maus-tratos contra seus cidadãos.
O governo Trump deverá decidir, nos próximos meses, se renovará a certificação colombiana como aliada na luta contra o narcotráfico, considerando que o país registra recordes de cultivos ilegais.
Sob sua gestão (2002-2010), Uribe implementou, com o apoio de Washington, o “Plano Colombia”, uma operação sem precedentes contra a guerrilha extinta das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).
Sua política inflexível contra os guerrilhas garantiu popularidade a Uribe, ainda que também tenha sido criticado por acusações de violações de direitos humanos e ligações com paramilitares.
Fonte por: Carta Capital