O namorado do TikTok e o dilema digital da terceira idade

Em 2023, o IBGE apontou que 66% dos brasileiros com mais de 60 anos acessavam a internet. No entanto, persistem desafios na alfabetização digital e exis…

10/08/2025 6:02

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O namorado do TikTok e o dilema digital da terceira idade
(Imagem de reprodução da internet).

A partir de dezembro de 2024, familiares de mulheres idosas têm se preocupado com o conteúdo publicado por um homem no TikTok. Com um sorriso aberto e olhar fixo na câmera, José Fernandes grava mensagens românticas e lentas, como se estivesse conversando com alguém.

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Diversas admiradoras, não habituadas a esse tipo de conteúdo, acreditam que estão participando de uma ligação por vídeo e estabelecem um vínculo com o indivíduo. O tom pessoal intensifica essa percepção, mesmo que todo o material seja de acesso público. Através de curtidas e mensagens afetuosas, o brasileiro obtém ganhos financeiros com o envolvimento.

O caso de Fernandes – que gerou uma onda de alertas nas redes sociais – é resultado de um fenômeno mais amplo: o rápido avanço da população idosa no mundo digital. Em 2023, de acordo com o IBGE, 66% dos brasileiros com mais de 60 anos utilizaram a internet. Dentre os “baby boomers” (nascidos entre 1946 e 1964), o uso de tecnologia aumentou 42% em sete anos. Essa transição, contudo, veio acompanhada de diversos desafios.

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A digitalização crescente, em áreas como saúde e transporte, pode gerar dificuldades de acesso à informação e de contato, mesmo com familiares próximos. “Há perda de autonomia”, afirma Alessandra Tieppo, médica geriatra e diretora da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.

As modalidades de acesso também evoluíram. “Em 2016, apenas 11% das pessoas utilizavam internet pela televisão. Em 2023, já era quase metade”, afirma Gustavo Fontes, analista do IBGE. O analfabetismo digital, adiciona, está fortemente relacionado ao funcional: 75% dos que não acessam a rede possuem baixa escolaridade.

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O aposentado Fábio Correa Steffen, 74 anos, anseia pela segurança que possuía anteriormente. “Às vezes chega um link e eu não sei para onde vai. Tenho medo de clicar incorretamente e causar prejuízo. Então não arrisco”, afirma. Tesoureiro voluntário no Grêmio da Faculdade de Medicina da USP, ele necessita da filha ou da secretária para solucionar planilhas enviadas pela reitoria. “Se ela estiver de férias, eu fico sem saber como proceder.”

O receio de cometer erros é um obstáculo comum. Atualmente, diversos serviços importantes, como previdência e bancos, estão disponíveis em aplicativos. Sem a devida atenção, o idoso enfrenta riscos, inclusive de fraudes, afirma Tieppo.

Há, contudo, quem se tenha adaptado. Maria Salete Sales, 72, síndica, ainda prefere o papel, mas utiliza com desenvoltura o celular para o trabalho. “Faço tudo pelo celular, mas também Anoto no papel. Acho mais seguro”, disse Edith Villas Boas, 70, aposentada, que lida bem com consultas e pagamentos online, mas evita redes sociais. “Tenho Instagram, mas não uso. Prefiro ficar de fora.”

A médica Tieppo ressalta que, quando aplicada de forma adequada, a tecnologia pode ser uma ferramenta valiosa. Aplicativos de voz auxiliam na recordação de medicamentos e agendamentos de consultas. A telemedicina facilita o contato entre pacientes e profissionais de saúde. “A tecnologia pode ser parceira de um envelhecimento saudável”, finaliza.

Fonte por: Carta Capital

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