O limite de emissões de carbono poderá ser ultrapassado até o ano de 2027
Pesquisa internacional adverte: com as emissões mantendo a trajetória atual, o planeta perderá a possibilidade de limitar o aumento da temperatura a 1,5…

O planeta tem até dois anos para não ultrapassar o limite de carbono que permitiria manter o aquecimento global abaixo de 1,5 °C. O alerta, proveniente de uma coalizão de cientistas internacionais, reforça o cenário de emergência climática em vista da COP30 , a ser realizada no Brasil. O estudo aponta que o “orçamento de carbono” restante – a quantidade de CO₂ que ainda podemos emitir sem exceder a meta do Acordo de Paris – é de apenas 60 a 120 bilhões de toneladas. Em 2023, o mundo liberou cerca de 37 bilhões de toneladas na atmosfera. Se nada for alterado, esse limite será atingido até 2027.
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A meta de 1,5 °C não é um número aleatório; representa a fronteira entre impactos climáticos graves e consequências potencialmente irreversíveis. O aumento de ondas de calor extremas, secas, enchentes e o colapso de ecossistemas já são sentidos atualmente, com 1,2 °C de aquecimento. Ao ultrapassar essa linha, os riscos aumentam exponencialmente.
O dado mais significativo do estudo é que o planeta já viveu seu primeiro ano com temperatura média acima de 1,5 °C em 2024. E isso não deve ser um caso isolado: a tendência aponta para um aquecimento de até 2,7 °C até o final do século, caso não haja mudanças profundas nas políticas energéticas e ambientais.
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A COP30, em Belém, representará uma grande oportunidade antes desse período crítico. Nele, os países deverão apresentar novos planos de corte de emissões. Contudo, há ceticismo. Até o momento, poucos compromissos foram atualizados e o financiamento climático para países em desenvolvimento continua muito abaixo do necessário.
A transição energética precisa sair do discurso e entrar no ritmo da ciência. Isso implica eliminar subsídios a combustíveis fósseis, acelerar a adoção de fontes renováveis, reduzir emissões de metano e assegurar justiça climática para aqueles que mais sofrem os impactos — sem ter provocado a crise. Se nada for feito agora, a COP30 pode marcar não o início da virada climática, mas o fim de uma meta que guiou o mundo nos últimos dez anos. O planeta terá ultrapassado o limite — e o futuro, antes negociado, passará a ser imposto pela realidade física de um clima fora de controle.
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Fonte por: Jovem Pan
Autor(a):
Ricardo Tavares
Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.