O Instituto Internacional de Finanças (IIF) considera que a política de estabilização econômica da Argentina, marcada por rigor fiscal, é audaciosa

Análise aponta que a disciplina, a normalização do mercado cambial e o retorno das atividades produtivas impulsionaram a economia do país.

08/07/2025 16:43

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O Instituto Internacional de Finanças (IIF) considera que a política de estabilização econômica da Argentina, marcada por rigor fiscal, é audaciosa
(Imagem de reprodução da internet).

A Argentina se destaca pela implementação de um processo de estabilização “mais ousado” entre os países emergentes, com a recuperação baseada na disciplina fiscal, conforme aponta relatório do IIF (Instituto Internacional de Finanças) divulgado nesta terça-feira (8).

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Desde sua ascensão ao poder em dezembro de 2023, o presidente Javier Milei tem implementado uma política de reduções drásticas nos gastos, buscando estabilizar a hiperinflação e o quadro macroeconômico do país.

A pesquisa indica que, embora os gastos públicos tenham apresentado uma redução efetiva de aproximadamente 30%, a inflação acumulada em 12 meses diminuiu de um patamar máximo de 270% em julho de 2024 para um valor superior a 40% em maio.

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Apesar do câmbio ainda ser restrito para as empresas, o governo destacou o encerramento do controle de câmbio, que impedia o acesso da população a dólares americanos.

O conjunto de políticas é coerente e focado, evitando promessas excessivas e priorizando a execução consistente. […]. A eliminação de impostos e barreiras burocráticas – aliada a uma taxa de câmbio flutuante – está permitindo que as empresas planejem uma expansão de longo prazo, escreveu o economista-chefe do Instituto, Marcello Estevão.

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Ao se aproximar de agentes que impulsionam a economia do país, o IFF observou que a economia real da Argentina apresenta sinais de recuperação, sobretudo nos setores exportadores.

Setores agrícola, mineração e energia destacaram avanços nas condições de investimento – que possibilitam o planejamento de longo prazo –, motivados pela estabilização macroeconômica, desregulamentação – notadamente pela eliminação de impostos e barreiras burocráticas –, uma taxa de câmbio flutuante e um ambiente político mais previsível.

A participação do setor privado no crédito, que antes era de 4% do Produto Interno Bruto, está se aproximando de 10%.

Os bancos iniciaram o afastamento dos títulos públicos e o foco no crédito privado, em parte devido a um aumento renovado na procura por hipotecas. Apesar da penetração hipotecária ainda estar muito aquém dos níveis regionais, o mercado de crédito de longo prazo começa a se recuperar, conforme relata Estevão.

O IIF aponta que “o sentimento dos investidores mudou para uma direção mais positiva”, contudo, o relatório afirma que esse otimismo ainda é freado por uma cautela.

Apesar do governo exibir compromisso com as reformas, investidores internacionais mantêm-se cautelosos, conforme o documento.

As reservas externas são restritas, o sistema financeiro ainda é pequeno e o histórico de instabilidade da Argentina influencia as expectativas, constata o relatório.

O acesso do governo aos mercados de capitais permanece restrito, porém indicadores de normalização começam a aparecer. Várias empresas obtiveram sucesso na emissão no exterior, e as despesas sobre títulos do governo diminuíram. O suporte de instituições multilaterais é crucial, contudo, o acúmulo de reservas e a confiança nas políticas são essenciais para reduzir a instabilidade.

Entre as vias que o IIF aponta para a consolidação da reforma na Argentina, observa-se que:

A Argentina superou as expectativas na fase inicial de sua retomada econômica. Alcançar uma consolidação fiscal antecipada, controlar a inflação e simplificar o regime cambial em poucos meses é uma conquista notável, aponta o relatório.

A manutenção desse avanço demandará aprofundamento das reformas, respaldo institucional e mobilização de investimentos privados. Atualmente, a Argentina apresenta aos investidores uma rara combinação de potencial e incerteza. Os próximos meses serão cruciais para determinar se esta estabilização representa uma mudança duradoura em relação ao passado – ou apenas mais um ciclo em sua trajetória histórica.

Fonte por: CNN Brasil

Autor(a):

Ex-jogador de futebol profissional, Pedro Santana trocou os campos pela redação. Hoje, ele escreve análises detalhadas e bastidores de esportes, com um olhar único de quem já viveu o outro lado. Seus textos envolvem os leitores e criam discussões apaixonadas entre fãs.