Os dois integrantes do Federal Reserve que se opuseram à decisão do banco central dos Estados Unidos de manter a taxa de juros inalterada no mês passado pareceram isolados em seu apoio à redução das taxas já naquele encontro, de acordo com a ata da reunião divulgada nesta quarta-feira (20).

A maioria dos participantes avaliou como adequado manter a meta da taxa de juros em intervalo compreendido entre 4,25% e 4,50% durante a reunião de 29 e 30 de julho.

As diretoras Michelle Bowman e Christopher Waller votaram contra a decisão de manter as taxas de juros inalteradas, preferindo uma redução de 0,25 ponto percentual para evitar um aprofessamento da desaceleração do mercado de trabalho.

Houve, pela primeira vez desde 1993, que mais de um gestor discordou de uma decisão de política monetária.

Ainda que sequer 48 horas após o encerramento da reunião de julho, os dados do Departamento do Trabalho não confirmaram as preocupações de Bowman e Waller, evidenciando a criação de um número inferior de empregos ao previsto em julho e o aumento da taxa de desemprego.

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No entanto, o mais preocupante foi uma revisão histórica das estimativas nos dois meses anteriores. Essa revisão eliminou mais de um quarto de milhão de empregos que se acreditava terem sido criados em maio e junho e afetou significativamente a narrativa predominante de um mercado de trabalho ainda robusto.

Contudo, os dados recentes têm fornecido subsídio para que o setor mais atento ao risco de tarifas agressivas do presidente Donald Trump reavivar a inflação mantivesse sua posição contra a redução rápida das taxas de juros.

A taxa de inflação anual subjacente ao consumidor aumentou acima do previsto em julho, seguida por um aumento súbito nos preços no nível dos produtores.

A ata indicou que as autoridades mantiveram um debate intenso acerca dos impactos das tarifas sobre a inflação e do nível de restrição da política monetária. Diversos participantes observaram que a taxa de juros vigente pode não estar suficientemente distante do patamar neutro, onde a atividade econômica não é impulsionada nem restringida.

A ata indicou que as autoridades consideraram que os impactos dos preços elevados se tornaram mais evidentes em determinados produtos, porém, o impacto geral sobre a economia e a inflação ainda não foi notório.

Com a perspectiva futura em mente, os envolvidos notaram que poderiam ter que tomar decisões complexas caso a inflação elevada se mostrasse mais duradoura e as chances de piora no mercado de trabalho se intensificassem.

A ata foi publicada apenas dois dias antes do pronunciamento aguardado pelo diretor do Fed, Jerome Powell, no simpósio econômico anual de Jackson Hole, promovido pelo Fed de Kansas City.

O pronunciamento de Powell na sexta-feira (22) – que seria seu último como diretor do banco central, visto que seu mandato expira em maio – poderá indicar se ele se junta àqueles que acreditam que é o momento de adotar medidas para salvaguardar o mercado de trabalho de um aprofessamento do declínio ou se permanece alinhado com os que são mais prudentes em relação à inflação.

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Fonte por: CNN Brasil