Lançado na segunda-feira (13), o material publicitário apresenta símbolos nacionais e afirma “Não ouse mexer com o Brasil”.
Na segunda-feira (13), o governo Lula (Partido dos Trabalhadores) lançou um vídeo institucional como parte de uma campanha publicitária em resposta ao anúncio de Donald Trump de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros nos Estados Unidos, a partir de 1º de agosto.
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Sob o lema Brasil Soberano, a peça de 30 segundos foi divulgada nas plataformas de mídia social e provavelmente será veiculada em rádio e TV nos próximos dias.
A produção incluiu cenas rápidas que mencionam brasileiros e o setor de agronegócio, como um homem negro com um instrumento musical chamado pandeiro, gado em pasto, máquinas agrícolas, uma mulher branca com avental e futebol com as cores nacionais pintadas em um rosto. O Secretariado de Comunicação Social da Presidência foi responsável pela produção, sob o comando do Ministro Sidônio Palmeira.
“Não mexa com o Brasil, ok?” diz uma criança em uma maca, sorrindo. “O Brasil é um país soberano. Um país soberano é uma nação independente que respeita suas leis. Um país soberano protege seu povo e sua democracia. Um país soberano não abaixa a cabeça para outros países”, diz a locução do anúncio.
Defender nossa soberania é defender o Brasil, diz o vídeo, referindo-se, sem mencionar nomes, à família Bolsonaro, que são apresentados como articuladores do tarifário americano, uma abordagem de extorsão para conceder anistia aos envolvidos no tentado golpe em janeiro de 2023. “Sim, meu amigo, estamos no comando aqui”, diz outro trecho do vídeo, terminando com “o Brasil pertence aos brasileiros”.
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Considerando o impacto que a medida pode causar à economia nacional – as exportações para os Estados Unidos representam cerca de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil – e a incongruência com o discurso nacionalista, especialistas ouvidos pelo BdF consideram que a retaliação dos EUA pode ter sido um tiro no pé do país’s extremo direito.
O Palácio do Planalto, que já conduzia uma campanha de comunicação para taxar os super-ricos em reação à rejeição do Congresso à proposta de alterar a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF, em português), está ganhando mais espaço no debate sobre a luta contra privilégios em nome da justiça tributária.
O governo federal pretende associar a desigualdade social e o desrespeito à soberania econômica e judicial do Brasil à imagem de Donald Trump, da família Bolsonaro e seus apoiadores. Entre estes, está o governador de São Paulo, Tarcício de Freitas (Republicanos), um possível candidato à presidência em 2026.
Na liderança de um dos estados cuja esfera produtiva será mais afetada pela tarifa de 50%, Freitas declarou em redes sociais que “Lula colocou sua ideologia acima da economia; é o resultado”. O governador também afirmou que “não há o que esconder por trás de Bolsonaro. A responsabilidade é daqueles que governam”. Posteriormente, contudo, ele decidiu suavizar sua postura. Agora, ele defende a redução da carga tributária e fala sobre “união nacional”.
A abordagem do governo federal sobre o tema começou a ser definida na última quarta-feira (9), logo após o anúncio de Trump. Em uma reunião ministerial, ficou descartado que a resposta caberia exclusivamente ao Itamaraty, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro. Seguindo a proposta da Secom, a resposta ao que foi considerado um ataque às instituições brasileiras seria liderada pelo Presidente Lula, sem um pronunciamento oficial na televisão, mas por meio de entrevistas à imprensa.
Uma publicação compartilhada pelo Governo do Brasil (@govbr)
Fonte por: Brasil de Fato
Autor(a):
Gabriel é economista e jornalista, trazendo análises claras sobre mercados financeiros, empreendedorismo e políticas econômicas. Sua habilidade de prever tendências e explicar dados complexos o torna referência para quem busca entender o mundo dos negócios.