O financiamento do “Oscar israelense” pode ser suspenso após a premiação do filme palestino

A Academia Israelense de Cinema e Televisão premiou “O Mar” como Melhor Filme de 2025.

17/09/2025 21:25

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(Imagem de reprodução da internet).

O ministro da cultura de Israel anunciou a redução do financiamento da academia de cinema e de sua premiação anual, em resposta ao sucesso de um filme sobre o desejo de um jovem palestino de contemplar o mar.

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Em Tel Aviv, na terça-feira (16), a Academia Israelense de Cinema e Televisão atribuiu o prêmio de Melhor Filme de 2025 a “O Mar” durante os Ophir Awards, também chamado de “Oscar israelense”.

O filme, com direção e roteiro de Shai Carmeli Pollak e produção de Baher Agbariya, narra a jornada de um jovem de sua residência em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, até à cidade litorânea de Tel Aviv.

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Atualmente, ele é responsável por defender o país no Oscar, na categoria de Melhor Filme Internacional.

“O Mar” conquistou mais quatro prêmios, entre eles o de melhor ator para Muhammad Ghazawi, de 13 anos, que se tornou o mais jovem a receber a premiação. Khalifa Natour, que interpreta o pai do menino, recebeu o prêmio de melhor ator coadjuvante.

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Diversos cineastas e finalistas solicitaram o término do conflito em Gaza durante a cerimônia, ao mesmo tempo em que outros manifestaram críticas ao governo israelense.

“Este filme é sobre o direito de toda criança de viver em paz, um direito básico do qual não abriremos mão”, declarou Agbariya. “Somos todos iguais. Paz e igualdade não são uma ilusão, mas uma escolha possível aqui e agora.”

Carmeli Pollak, a diretora, permaneceu reservada ao não comentar quando contactada pela CNN.

A disputa em Gaza ganhou destaque no Emmy da semana, com artistas como Hannah Einbinder e Javier Bardem solicitando um cessar-fogo. Mais de 1.000 atores e diretores anunciaram que não colaborarão com produtoras israelenses.

Para o roteirista David Farr, formalizar o contrato é uma questão pessoal.

O roteirista de Night Manager declarou em comunicado: “Como herdeiro de sobreviventes do Holocausto, sinto angústia e raiva das ações do Estado israelense, que há décadas implementa um regime de apartheid contra o povo palestino, cujas terras foram confiscadas e que atualmente comete genocídio e limpeza étnica em Gaza.”

No dia seguinte à cerimônia israelense, o Ministério da Cultura de Israel anunciou que interromperia o financiamento público para a “cerimônia vergonhosa”, a partir do ano seguinte. O filme vencedor “apresenta a perspectiva palestina e retrata os soldados das Forças de Defesa de Israel (IDF) e o Estado de Israel de forma negativa”, declarou o ministério.

O ministro da Cultura, Miki Zohar, qualificou a cerimônia e o prêmio como uma “ofensa aos cidadãos israelenses”, afirmando que “o filme vencedor retrata nossos soldados de forma difamatória e falsa, apesar do risco que correm para nos proteger, o que não é surpresa para ninguém”.

Em uma data posterior na quarta-feira (17), Zohar anunciou a criação do “Oscar do Estado Israelense”, uma nova premiação cinematográfica alternativa financiada pelo governo para reconhecer criadores e filmes israelenses que “expressam os valores e o espírito da nação”.

Zohar criticou o Prêmio Ophir, afirmando que ele incentiva “narrativas estrangeiras e desconectadas contra Israel e os soldados das FDI”.

A Academia Israelense defendeu o processo de seleção como sendo realizado por membros da academia, criadores, cineastas e figuras culturais, que selecionam o melhor do cinema israelense com um compromisso com a excelência cinematográfica, a liberdade artística e a liberdade de expressão.

O presidente da Academia, Assaf Amir, declarou-se “orgulhoso de que um filme em árabe, resultado da cooperação entre judeus israelenses e palestinos, represente Israel no Oscar”. O cinema israelense comprova sua relevância e sensibilidade a uma realidade complexa e dolorosa. Trata-se de um filme sensível e empático sobre os seres humanos em geral, e sobre sua protagonista em particular – uma criança palestina cujo único desejo é chegar ao mar.

Advogados questionam a legalidade do corte de verbas para a academia. Oded Feller, consultor jurídico da Associação pelos Direitos Civis em Israel, afirmou à CNN que o Zohar está “gerando ameaças infundadas” e não possui legitimidade para manter os recursos.

“O orçamento do ministério não pertence ao pai dele, e ele não tem autoridade para interferir no conteúdo cultural ou no julgamento profissional daqueles que selecionam os filmes”, declarou Feller à CNN.

Zohar já se envolveu em desavenças com a indústria cinematográfica.

Em 2023, o documentário israeleno-palestino “No Other Land” recebeu o prêmio de Melhor Documentário no Oscar. O filme retrata a vila de Masafer Yatta, na Cisjordânia, onde a população palestina luta contra o despejo e a demolição pelas autoridades israelenses.

A música do verão se tornou um fenômeno cultural nos Estados Unidos.

Fonte por: CNN Brasil

Autor(a):

Lucas Almeida é o alívio cômico do jornal, transformando o cotidiano em crônicas hilárias e cheias de ironia. Com uma vasta experiência em stand-up comedy e redação humorística, ele garante boas risadas em meio às notícias.