O envelhecimento com autonomia representa um desafio que o Brasil deve abordar atualmente

O aumento do número de idosos demanda políticas públicas eficazes, assegurando dignidade e bem-estar.

26/06/2025 15:12

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O envelhecimento com autonomia representa um desafio que o Brasil deve abordar atualmente
(Imagem de reprodução da internet).

As projeções apontam que o Brasil terá mais idosos do que jovens nas próximas décadas. Isso nos impõe uma decisão: persistir em ver a velhice como um problema ou considerá-la uma responsabilidade coletiva e um valor social. O envelhecimento da população brasileira, conforme dados conduzidos pelo IBGE, demonstra que a população atingiu 203,1 milhões de habitantes, dos quais 32,1 milhões (15,6%) têm 60 anos ou mais, representando um aumento de 56% em relação ao ano de 2010.

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O fenômeno reflete uma inversão na pirâmide etária do Brasil, com o aumento da idade mediana da população de 29 anos em 2010 para 35 anos em 2022. As projeções do IBGE apontam que até 2070, cerca de 37,8% da população brasileira será composta por pessoas com 60 anos ou mais, totalizando aproximadamente 75,3 milhões de indivíduos.

A situação evidencia a importância de um planejamento estratégico que garanta qualidade de vida e independência para as gerações mais velhas.

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Apesar do aumento na expectativa de vida, muitos idosos encontram obstáculos consideráveis para manter sua independência. O envelhecimento está associado comumente a enfermidades crônicas, restrições físicas e cognitivas, além de aspectos sociais como solidão e vulnerabilidade. Um sistema de saúde que reconhece a singularidade da velhice é essencial para garantir autonomia .

É urgente implementar políticas de longo prazo que superem gestões governamentais e considerem o envelhecimento como uma pauta central de desenvolvimento nacional. Políticas urbanas inclusivas são indispensáveis. Atualmente, a maioria das políticas e práticas voltadas à velhice são reativas – focadas em tratar consequências, e não em prevenir perdas de autonomia.

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Dentre as ações prioritárias, destacam-se: o fortalecimento da rede de atenção primária com foco na geriatria e gerontologia; a implementação de políticas de “cidades amigáveis para idosos”; o incentivo à formação de cuidadores e o suporte a familiares; a ampliação do acesso à tecnologia e à educação digital para idosos, sendo uma estratégia poderosa contra o isolamento.

No século XXI, a idade ainda é frequentemente associada à decadência, inutilidade e invisibilidade. Esse enxergar restritivo não só desrespeita a jornada de vida de milhões de pessoas, como também alimenta um sistema que marginaliza os idosos e naturaliza a exclusão social na velhice. Essa visão compromete diretamente a construção de uma cultura de dignidade, inclusão e prevenção da dependência.

Envelhecer não é sinônimo de doença ou de perder valor social. Pelo contrário: o envelhecimento é uma conquista histórica da humanidade. Nunca se viveu tanto, e isso deveria ser motivo de celebração e planejamento coletivo.

O envelhecimento da população é um fenômeno global que demanda respostas apropriadas e eficientes. No Brasil, é essencial que profissionais de saúde, gestores públicos e a sociedade civil colaborem para construir um contexto que assegure aos idosos envelhecer com dignidade, saúde e autonomia.

Sem essa dedicação, o Brasil corre o risco de se tornar uma sociedade em que o envelhecimento, em vez de ser reconhecido como um triunfo da longevidade, é encarado como abandono social. Uma sociedade que valoriza seus idosos, que investe na prevenção da dependência e que combate o preconceito relacionado à idade, é uma sociedade que se cuida de forma mais eficaz.

Eventualmente, todos nós envelhecemos. E o futuro de cada um depende das decisões que tomamos atualmente.

Texto escrito pela geriatra e clínica médica Julianne Pessequillo (CRM 160.834 // RQE 71.895), especialista em longevidade saudável e membro da Brazil Health.

Fonte por: CNN Brasil

Autor(a):

Apaixonada por cinema, música e literatura, Júlia Mendes é formada em Jornalismo pela Universidade Federal de São Paulo. Com uma década de experiência, ela já entrevistou artistas de renome e cobriu grandes festivais internacionais. Quando não está escrevendo, Júlia é vista em mostras de cinema ou explorando novas bandas independentes.