O dirigente do INSS teve encontro com o ministro da Previdência em 2023

O ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, reuniu-se com Antônio Carlos Camilo Antunes, também chamado de “Careca do INSS”, sob suspeita de integrar o grupo de maiores beneficiários de fraudes que totalizaram até R$ 6,5 bilhões nos descontos previdenciários. O encontro, que envolveu outros integrantes do instituto, ocorreu em 12 de janeiro de 2023, no início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).Wolney continuava sendo deputado federal pelo PDT-PE no momento do encontro. Além dele e de Antunes, estavam presentes André Fidelis, então diretor de Benefícios do INSS, e Alexandre Guimarães, da diretoria de governança do instituto, além do procurador-geral do órgão, Virgílio Oliveira Filho, afastado do cargo em abril após decisão judicial. As informações foram divulgadas pelo Metrópoles nesta 3ª feira (3.jun.2025).A ata da reunião revela a presença de Rogério Soares de Sousa, ex-superintendente do INSS na região Nordeste, e Marcos de Brito Campos Júnior, que exerceu o cargo de diretor da superintendência por aproximadamente sete anos e, em outubro de 2023, foi designado diretor de Administração e Finanças do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes).Wolney afirmou não se lembrar de ter se encontrado com Antunes ou os empresários Danilo Trento e Maurício Camisotti, envolvidos nas fraudes do INSS, durante suas declarações sobre o escândalo em sessão do Senado, em 15 de maio.“Olha, eu posso ter, eventualmente, me encontrado com alguns deles, não me lembro de tê-los recebido, mas eventualmente posso ter recebido. O nosso ministério recebe dezenas de pessoas, e eu não tenho nenhuma lembrança de conhecê-los, nem tenho nenhuma relação com eles. Relação com eles, de certeza, eu posso garantir que não tenho qualquer relação.” afirmou o ministro, quando questionado pelo senador Sérgio Moro (União-PR).Wolney Queiroz declarou, em comunicado ao Metrópoles, que a reunião foi organizada por Virgílio Oliveira Filho para apresentar “um panorama técnico da área no contexto da transição”.A ocorrência foi documentada, na ocasião, nas redes sociais de Wolney, o que reforça a boa-fé no encontro e em relação a todos os presentes. O ministro não possui qualquer relação com investigados pela Polícia Federal. Sua longa trajetória na vida pública sempre foi marcada por transparência, integridade e compromisso com o interesse público.Antônio Carlos Camilo Antunes, apelidado de “Careca do INSS”, teria recebido aproximadamente R$ 53,58 milhões provenientes de associações e empresas intermediárias no esquema de descontos irregulares em aposentadorias na instituição. Ele é apontado pela investigação da Polícia Federal como figura central no crime.De acordo com o relatório dos investigadores, os valores foram repassados por meio de empresas vinculadas a Antunes. Adicionalmente, o documento indica que cerca de R$ 9,32 milhões foram direcionados por ele a servidores públicos e empresas associadas a membros de alto escalão do INSS.O empresário foi um dos investigados na Operação Sem Desconto, conduzida pela Polícia Federal em 23 de abril, com o objetivo de desmantelar práticas ilegais de deduções nos proventos de aposentados e pensionistas. De acordo com os responsáveis pela apuração, Antunes empregava suas empresas para fornecer serviços de consultoria a associações que realizavam cobranças periódicas junto aos beneficiários do INSS.Antunes desempenharia a função de lobista, atuando em favor de empresas perante o INSS. A investigação revela como evidência uma solicitação emitida em 2022 pela Ambec (Associação de Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos), uma das entidades sob investigação, que autorizava-o a negociar um aditivo ao contrato estabelecido entre a associação e o instituto.O relatório o identifica como sócio de 21 empresas, das quais 19 foram abertas a partir de 2022. A investigação aponta que pelo menos 4 dessas companhias estariam diretamente ligadas e utilizadas no esquema conhecido como “farra do INSS”.

Fonte por: Poder 360