O Brasil rejeita aderir ao pedido de recurso internacional para regulamentar mais severamente a poluição por plástico

Governo justifica a situação com a ausência de recursos e apoio a nações em desenvolvimento; ativistas ambientais criticam a contradição com a mensagem sobre o clima.

12/06/2025 9:39

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O Brasil rejeita aderir ao pedido de recurso internacional para regulamentar mais severamente a poluição por plástico
(Imagem de reprodução da internet).

O Brasil optou por não assinar o pedido por um tratado global mais ambicioso contra a poluição plástica, durante as negociações da ONU que visavam estabelecer um acordo internacional juridicamente vinculante sobre o tema. A decisão foi formalizada em meio à fase final das discussões do comitê intergovernamental que negociava o tratado, concluídas em 11 de junho. O documento rejeitado pelo Brasil foi assinado por aproximadamente 100 países, incluindo a União Europeia, Canadá e nações africanas, que defendem a redução da produção de plástico virgem e a regulamentação de substâncias químicas tóxicas presentes nos plásticos. O governo brasileiro justificou a decisão em nome de uma “transição justa”, argumentando que somente apoiaria metas mais rigorosas se houvesse garantias concretas de financiamento e transferência de tecnologia para países em desenvolvimento. O Brasil se uniu a outras nações que resistem a limitar a produção de plásticos, como China, Arábia Saudita, Irã e Rússia, que priorizam a melhoria da gestão de resíduos, em vez de restrições à indústria petroquímica. Essa posição busca proteger o setor produtivo nacional e os catadores de reciclagem, que sofreriam impactos diretos com metas mais agressivas sem apoio financeiro.

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A decisão provocou críticas de ambientalistas, que destacam a inconsistência entre o discurso climático do Brasil em fóruns internacionais e sua postura atual. Estimativas da Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) revelam que o país descarte cerca de 300 mil toneladas de resíduos plásticos nos oceanos anualmente. Adicionalmente, dados da WWF indicam que 85% dos brasileiros defendem a redução global da produção de plástico, evidenciando um descompasso entre a posição oficial e o desejo da população. A próxima rodada de negociações está prevista para agosto, em Genebra. O governo brasileiro espera que, até lá, haja avanços em propostas de financiamento, como a criação de um fundo internacional para apoiar países em desenvolvimento na implementação do acordo. Paralelamente, tramita no Senado um projeto de lei que proíbe plásticos de uso único no país, sinalizando que o tema pode avançar no âmbito doméstico, mesmo diante da hesitação no cenário global.

Fonte por: Jovem Pan

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Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.