O Brasil percebido de sua periferia

Ao examinar o interior, identifica-se um universo de ações, oposições e conhecimentos que transformam o país.

27/08/2025 13:29

4 min de leitura

O Brasil percebido de sua periferia
(Imagem de reprodução da internet).

A história das áreas periféricas do Brasil frequentemente é contada por perspectivas externas: dados sobre violência, índices de pobreza, mapas de desigualdade… Contudo, ao direcionar o olhar para o interior, revela-se um universo de práticas, resistências e conhecimentos que transformam o país. O objetivo desta coluna é precisamente esse: refletir sobre o Brasil a partir das bordas, reconhecendo que ali se desenvolvem racionalidades sociais e políticas obscurecidas pelo discurso hegemônico.

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São Paulo

Em São Paulo, a vida nas periferias se caracteriza pela tensão contínua entre a opressão e a criação. A juventude negra é a mais afetada pela violência policial e pela precarização do emprego. Contudo, é dela que emergem o rap, o funk, os saraus e os movimentos de moradia. Não se trata unicamente de expressão artística: são modos de disputar espaço, de denunciar injustiças, de reivindicar cidadania. A cultura se torna política.

Na esfera econômica, a espontaneidade se converte em força: mercados, bazares de beleza, food trucks autogeridos, cooperativas e iniciativas comunitárias. A economia informal é uma renovação constante, fundamentada na colaboração e na inovação.

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Nordeste

As áreas periféricas do Nordeste possuem uma herança escravista e colonial significativa, mas também a vitalidade de identidades étnicas que se mantêm. Em Salvador, Recife ou Fortaleza, a música, a culinária e a religiosidade não são apenas expressões culturais: são estratégias de sobrevivência, de autoestima e de resistência política.

A informalidade, frequentemente ligada à vulnerabilidade, assume outra perspectiva. Ela une tradição e contemporaneidade, convertendo atividades locais em meios de subsistência que, simultaneamente, reforçam laços comunitários e questionam o sistema econômico predominante.

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O Sul

No Sul, a ideologia da branquidade visa obscurecer a presença negra e periférica. Contudo, as favelas e conjuntos habitacionais de Porto Alegre, Curitiba e Florianópolis demonstram a segregação espacial e a violência estatal. O racismo se manifesta, ainda que busque se disfarçar sob o mito da homogeneidade.

A resposta se manifesta em experiências comunitárias que desafiam esse silenciamento: cooperativas de reciclagem, iniciativas culturais, ocupações urbanas. O orçamento participativo de Porto Alegre foi uma dessas frestas que demonstraram como a periferia pode intervir diretamente no destino da cidade.

A periferia como projeto de futuro

O que conecta as periferias do Sudeste, Nordeste e Sul não é apenas a desigualdade, mas também a inventividade em relação a ela. É a habilidade de transformar a exclusão em solidariedade, a dor em arte, a invisibilidade em denúncia. É a partir dessa base que emerge a crítica periférica: não como teoria distante, mas como prática diária.

Observar o Brasil a partir das periferias significa identificar que ali se desenvolvem iniciativas de futuro. Não o futuro que o centro concebe para a região, mas o que a região própria constrói e que, em última análise, pode reinventar o país inteiro.

Uma análise sociológica das áreas periféricas

A sociologia, ao considerar as periferias, identifica que nelas não há apenas problema: há solução, há horizonte, há esperança. A margem não é só limite — é também início. As periferias, frequentemente representadas apenas pelo déficit, pela ausência e pela carência, são também territórios de criação, de resistência e de potência coletiva. Ao olhar atento do sociólogo, revelam-se redes de solidariedade, práticas culturais inovadoras, modos de sobrevivência criativos e formas de organização social que frequentemente antecipam soluções para dilemas urbanos mais amplos.

Ouvir a periferia implica identificar que o conhecimento não se restringe aos livros ou às universidades, mas também reside na vivência diária de quem lida, a cada dia, com as contradições de uma cidade desigual. Cada beco, cada comunidade, abriga histórias de luta, de construção de pertencimento e de afirmação identitária. Deste modo, emergem movimentos culturais que modificam a linguagem, a música, a arte e a política. Novas formas de pensar a coletividade e de redefinir o futuro se desenvolvem ali.

Assim, a sociologia, ao abordar essas áreas com humildade e receptividade, identifica que a periferia é, na realidade, um núcleo produtivo: espaço de reinvenções, de opções e de oportunidades para a sociedade como um todo.

Fonte por: Carta Capital

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