O Banco Central ainda não prioriza o corte da taxa de juros, afirmam especialistas
Especialistas consultados pela CNN discordam em relação ao momento do início da flexibilização das taxas de juros.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) surpreendeu o mercado ao aumentar a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, elevando-a a 15% ao ano.
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A decisão do Copom nesta oportunidade indicou que, se o cenário econômico seguir o previsto pelo comitê, esta será a última elevação da taxa de juros.
Contudo, destacou que as taxas de juros devem ser mantidas em patamar elevado por um período extenso e não excluiu a possibilidade de uma nova alta nos juros caso ocorresse um agravamento.
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Com o encerramento do ciclo, aumentam as previsões para a implementação da política de relaxamento monetário. Contudo, especialistas consultados pela CNN apresentam diferentes opiniões quanto ao momento em que o Banco Central deverá iniciar a diminuição das taxas de juros.
Para eles, o comunicado do BC não deixou espaço para especulações.
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Ainda utiliza-se um prazo excessivamente longo para indicar a estratégia “fique de olho”. Busca-se, assim, impedir a previsão de cortes futuros. Para frente, o comitê deixa evidente que o cenário base é a interrupção do ciclo. Aqui mais uma tentativa de reforçar o “higher for longer” ao manter a ameaça de retomar o ciclo, avalia Natalie Victal, economista-chefe da SulAmérica Investimentos.
Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos, destaca que a mensagem do Banco Central foi mais direta, em comparação com outras reuniões, contudo, não oferece clareza sobre alterações na estratégia de manter as taxas sem modificações.
O Banco Central agiu corretamente e evitou que essa discussão obtivesse espaço, correndo o risco de perder pelo menos parte da credibilidade conquistada junto ao mercado até então.
Compreende-se que, por meio de um comunicado de tom moderadamente conservador, o Copom sinalizou sua responsabilidade em relação à inflação e não permitiu que se discutesse a possibilidade de redução das taxas de juros – o que, naturalmente, ocorrerá, considerando que o ciclo de aumentos foi oficialmente concluído.
B.Side Investimentos e Galapagos Capital indicam que a redução das taxas de juros deverá iniciar-se já no final deste ano.
A economista-chefe da Galapagos Capital, Tatiana Pinheiro, destaca que o cenário externo permanecerá complexo no curto prazo e o impacto desinflacionário sobre os países emergentes em relação às novas tarifas comerciais impostas pelos EUA deve se manifestar apenas na segunda metade do ano.
reiteramos a importância da cautela na gestão da política monetária no curto prazo para a consolidação do nosso cenário de início de cortes em dezembro de 2025, com uma redução inicial de 50 pontos-base. Estimamos uma trajetória progressiva de afrouxamento, com a taxa Selic atingindo 10,5% até julho de 2026.
É nesse ponto que os analistas começam a divergir, uma vez que, embora alguns sinais apontem para um início de controle da inflação e das expectativas, as incertezas ainda persistem.
As expectativas permanecem desconectadas do presente, com foco no futuro, em curto e longo prazo – isso representa uma questão. A atividade econômica permanece forte, e existem diversos riscos internos e externos sendo monitorados.
A taxa deve continuar nesse segmento de contratação por um período considerável. Assim, acredito que manteremos essa taxa de 15% por um bom tempo – entrando no próximo ano, a menos que até o meio do ano seguinte.
Incertezas fiscais, mercado de trabalho aquecido e a presença de núcleos de serviços elevados são três fatores apontados por Gabriel Malatesta, economista da WHG, que contribuem para a manutenção de expectativas desancoradas.
Malatesta conclui que “15% é o pico esperado, e reduções permanecem fora do alcance até o final do ano ou início do próximo ano, dependendo de novas quedas nos núcleos de serviços e da reanálise das previsões.”
Ademais, o Inter ressalta que a gestão da política fiscal será crucial para a definição do início dos cortes na taxa de juros.
Se houver um novo aumento dos gastos e uma projeção de orçamento mais ampliado para 2026, o Copom poderá manter as taxas de juros elevadas por mais tempo, adiando o corte das taxas até uma queda mais considerável da inflação atual. O cenário fiscal expansionista e sem critérios claros acarreta um alto custo para a política monetária, destaca Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter.
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Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Ana Carolina Braga
Ana Carolina é engenheira de software e jornalista especializada em tecnologia. Ela traduz conceitos complexos em conteúdos acessíveis e instigantes. Ana também cobre tendências em startups, inteligência artificial e segurança cibernética, unindo seu amor pela escrita e pelo mundo digital.