Novos tecidos produzidos em laboratório podem otimizar testes de medicamentos
A avaliação de novos medicamentos e produtos cosméticos é, no presente momento, realizada utilizando animais.

Antes de serem utilizados em humanos, novos medicamentos devem ser submetidos a testes de toxicidade, a fim de prevenir que seus componentes envenenem o corpo, gerando danos maiores do que vantagens. Atualmente, os testes são realizados em animais, porém, com a biofabricação de tecidos humanos, laboratórios poderão ter uma alternativa mais precisa e acelerada.
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Ao se identificar uma nova molécula, inicia-se testando sua função, o que costuma ser feito em células do tecido alvo. Em seguida, prosseguem-se para os testes em animais, incluindo o de hepatotoxicidade. Contudo, esses animais não são da mesma espécie que a humana, e como os fármacos estão se tornando cada vez mais específicos, tais pontos vão fazendo alguma diferença.
Leandra é fundadora da Gcell, uma startup pioneira no desenvolvimento de biotecnologias no Brasil, que foi incubada dentro da UFRJ, com apoio da Faperj (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro), do CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos). O produto destinado aos testes de toxicidade é o biotecnologizado de fígado, uma vez que os medicamentos orais são metabolizados nesse órgão, tornando-o um indicador primário de que alguma substância é tóxica para o organismo.
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O modelo produzido pela Gcell possui três dimensões de células, que se auto-organizam, lembrando, em termos de estrutura e função, o que seria do nosso tecido humano e com uma capacidade de respostas fisiológicas, muito parecida, ou até igual, daquele órgão.
Adicionalmente à eliminação de uma das fases de estudos com animais, os biotecnologistas podem obter resultados mais seguros quanto a reações adversas ou problemas de eficácia, que só seriam identificados em estágios posteriores das pesquisas. Além disso, possibilitam a simulação de efeitos crônicos ou acumulados ao longo do tempo, uma vez que é possível superdosar as substâncias in vitro.
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A Gcell também está lançando um projeto com pesquisadores franceses que empregará biotecnologia hepática na busca por um novo medicamento contra a fibrose hepática, doença sem cura e irreversível.
Propõe-se o uso deste modelo de biotecnologia, pois ele permite estimular a fibrose in vitro também. Seria ideal para testar se as moléculas que os pesquisadores estão desenvolvendo realmente possuem potencial antifibrótico. E isso é muito importante, visto que não temos nenhuma molécula antifibrótica no mercado atualmente, e as pessoas morrem de cirrose hepática.
A professora informa que os lotes de biotecido hepático da Gcell estão em fase de validação e caracterização morfológica, além de avaliação da expressão de biomarcadores e testes metabólicos.
Estamos buscando as certificações necessárias, porém já possuímos indústrias farmacêuticas, de biotecnologia e cosméticos interessadas nos biotecidos de fígado devido à sua capacidade de avaliar hepatotoxicidade e metabolismo de compostos com precisão.
O emprego de biotecnologia no desenvolvimento de fármacos e outros produtos é uma tendência global. Um exemplo notório são os tecidos de pele, aplicados na indústria cosmética, como alternativa aos testes em animais. Também são utilizados modelos avançados com células cardíacas, pulmonares, renais, da córnea, pâncreas e do sistema nervoso central. A Gcell já desenvolveu biotecnologias para pulmão, articulações e gordura.
Com informações da Agência Brasil.
Fonte por: Poder 360
Autor(a):
Bianca Lemos
Ambientalista desde sempre, Bianca Lemos se dedica a reportagens que inspiram mudanças e conscientizam sobre as questões ambientais. Com uma abordagem sensível e dados bem fundamentados, seus textos chamam a atenção para a urgência do cuidado com o planeta.