Novo tratamento para câncer de mama diminui risco de óbito em 44%, aponta pesquisa

O especialista em oncologia, segundo brasileiro participante do estudo, indica que a terapia pode fornecer respostas mais significativas e de longa duração para pacientes com uma forma mais agressiva da doença.

02/06/2025 12:49

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Novo tratamento para câncer de mama diminui risco de óbito em 44%, aponta pesquisa

Um novo tratamento para o câncer de mama metastático demonstrou eficácia na diminuição do risco de progressão da doença ou de óbito em 44% em relação ao tratamento convencional. Os resultados do estudo foram divulgados nesta segunda-feira (2) na reunião anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco), o maior evento científico da área que ocorre em Chicago, nos Estados Unidos.

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O fármaco, denominado Enhertu (trastuzumab deruxtecan), foi criado pela empresa AstraZeneca e já recebeu aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o tratamento do câncer de mama HER2-positivo em estágios avançados da doença e em pacientes que previamente passaram por quimioterapia.

O estudo recente demonstrou eficácia e segurança para uma nova combinação do medicamento como tratamento inicial em pacientes com tumor de mama metastático, que se disseminou para outros órgãos, apresentando essas características.

De acordo com Romualdo Barroso, oncologista do Hospital Brasília e Head de Pesquisa em Oncologia da Rede Américas, a principal inovação reside no emprego do novo medicamento como primeira linha de tratamento para pacientes com câncer de mama metastático HER2-positivo.

“Estamos discutindo uma alteração substancial, que pode fornecer respostas mais aprofundadas e persistentes para pacientes com um tipo mais agressivo da doença, que corresponde a 10% a 20% dos casos”, explica Barroso, que é o único brasileiro entre os autores do estudo internacional.

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Atualmente, o tratamento padrão para o câncer de mama metastático HER2-positivo é composto por quimioterapia com taxano associada a trastuzumabe e pertuzumabe. O novo estudo avaliou o uso do Enhertu, com ou sem pertuzumabe, em relação a esse tratamento padrão atual.

O estudo selecionou 1.157 pacientes com câncer de mama localmente avançado ou metastático HER2-positivo para, de forma aleatória, receber uma das três terapias: o tratamento padrão, o Enhertu com pertuzumabe ou o Enhertu isoladamente com placebo. Após um período de acompanhamento de 29 meses, os pacientes que receberam a terapia dupla (Enhertu com pertuzumabe) demonstraram um tempo de sobrevida sem progressão da doença superior ao tratamento padrão.

O Enhertu é um anticorpo associado a uma quimioterapia que visa a proteína chamada HER2 na célula, explica Barroso à CNN. Segundo o oncologista, historicamente, os tumores de mama HER2-positivos são mais agressivos. “Essa nova terapia combina um anticorpo que já está disponível há muito tempo com uma quimioterapia potente, estável e liberada apenas na célula tumoral”, esclarece.

Sendo uma terapia-alvo – ao atuar em um alvo específico, no caso, a célula tumoral com a proteína HER2 –, ela pode apresentar menor toxicidade em comparação com o tratamento padrão. “É óbvio que ainda existem efeitos colaterais, como náuseas, mas, de maneira geral, nesse equilíbrio entre eficácia e efeitos colaterais, há um resultado muito positivo para essa medicação”, complementa o especialista.

O estudo revelou que tanto os pacientes submetidos à nova terapia quanto aqueles que receberam o tratamento padrão relataram taxas comparáveis de efeitos colaterais graves, ainda que enjoos, vômitos e constipação tenham sido mais frequentes nos pacientes que utilizaram o novo medicamento. Adicionalmente, doença pulmonar intersticial foi observada em aproximadamente 12% dos pacientes que receberam Enhertu, embora a maioria dos casos não tenha apresentado gravidade.

Os resultados, para a autora principal do estudo, Sara Tolaney, apresentam o potencial de estabelecer um novo padrão de tratamento de primeira linha para câncer de mama HER2-positivo metastático, um cenário que não observou inovações relevantes em mais de uma década.

Barroso explica que o próximo passo é a validação dos resultados do estudo pelas agências regulatórias internacionais e nacionais, incluindo a Anvisa, para que o uso do tratamento possa ser ampliado e disponibilizado às pacientes na prática clínica.

Incidem mais óbitos decorrentes de câncer de mama e de colo do útero no Brasil.

Fonte por: CNN Brasil

Autor(a):

Ambientalista desde sempre, Bianca Lemos se dedica a reportagens que inspiram mudanças e conscientizam sobre as questões ambientais. Com uma abordagem sensível e dados bem fundamentados, seus textos chamam a atenção para a urgência do cuidado com o planeta.