Novo tratamento para câncer de mama diminui risco de óbito em 44%, aponta pesquisa
O especialista em oncologia, segundo brasileiro participante do estudo, indica que a terapia pode fornecer respostas mais significativas e de longa duração para pacientes com uma forma mais agressiva da doença.

Um novo tratamento para o câncer de mama metastático demonstrou eficácia na diminuição do risco de progressão da doença ou de óbito em 44% em relação ao tratamento convencional. Os resultados do estudo foram divulgados nesta segunda-feira (2) na reunião anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco), o maior evento científico da área que ocorre em Chicago, nos Estados Unidos.
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O fármaco, denominado Enhertu (trastuzumab deruxtecan), foi criado pela empresa AstraZeneca e já recebeu aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o tratamento do câncer de mama HER2-positivo em estágios avançados da doença e em pacientes que previamente passaram por quimioterapia.
O estudo recente demonstrou eficácia e segurança para uma nova combinação do medicamento como tratamento inicial em pacientes com tumor de mama metastático, que se disseminou para outros órgãos, apresentando essas características.
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De acordo com Romualdo Barroso, oncologista do Hospital Brasília e Head de Pesquisa em Oncologia da Rede Américas, a principal inovação reside no emprego do novo medicamento como primeira linha de tratamento para pacientes com câncer de mama metastático HER2-positivo.
“Estamos discutindo uma alteração substancial, que pode fornecer respostas mais aprofundadas e persistentes para pacientes com um tipo mais agressivo da doença, que corresponde a 10% a 20% dos casos”, explica Barroso, que é o único brasileiro entre os autores do estudo internacional.
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Atualmente, o tratamento padrão para o câncer de mama metastático HER2-positivo é composto por quimioterapia com taxano associada a trastuzumabe e pertuzumabe. O novo estudo avaliou o uso do Enhertu, com ou sem pertuzumabe, em relação a esse tratamento padrão atual.
O estudo selecionou 1.157 pacientes com câncer de mama localmente avançado ou metastático HER2-positivo para, de forma aleatória, receber uma das três terapias: o tratamento padrão, o Enhertu com pertuzumabe ou o Enhertu isoladamente com placebo. Após um período de acompanhamento de 29 meses, os pacientes que receberam a terapia dupla (Enhertu com pertuzumabe) demonstraram um tempo de sobrevida sem progressão da doença superior ao tratamento padrão.
O Enhertu é um anticorpo associado a uma quimioterapia que visa a proteína chamada HER2 na célula, explica Barroso à CNN. Segundo o oncologista, historicamente, os tumores de mama HER2-positivos são mais agressivos. “Essa nova terapia combina um anticorpo que já está disponível há muito tempo com uma quimioterapia potente, estável e liberada apenas na célula tumoral”, esclarece.
Sendo uma terapia-alvo – ao atuar em um alvo específico, no caso, a célula tumoral com a proteína HER2 –, ela pode apresentar menor toxicidade em comparação com o tratamento padrão. “É óbvio que ainda existem efeitos colaterais, como náuseas, mas, de maneira geral, nesse equilíbrio entre eficácia e efeitos colaterais, há um resultado muito positivo para essa medicação”, complementa o especialista.
O estudo revelou que tanto os pacientes submetidos à nova terapia quanto aqueles que receberam o tratamento padrão relataram taxas comparáveis de efeitos colaterais graves, ainda que enjoos, vômitos e constipação tenham sido mais frequentes nos pacientes que utilizaram o novo medicamento. Adicionalmente, doença pulmonar intersticial foi observada em aproximadamente 12% dos pacientes que receberam Enhertu, embora a maioria dos casos não tenha apresentado gravidade.
Os resultados, para a autora principal do estudo, Sara Tolaney, apresentam o potencial de estabelecer um novo padrão de tratamento de primeira linha para câncer de mama HER2-positivo metastático, um cenário que não observou inovações relevantes em mais de uma década.
Barroso explica que o próximo passo é a validação dos resultados do estudo pelas agências regulatórias internacionais e nacionais, incluindo a Anvisa, para que o uso do tratamento possa ser ampliado e disponibilizado às pacientes na prática clínica.
Incidem mais óbitos decorrentes de câncer de mama e de colo do útero no Brasil.
Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Bianca Lemos
Ambientalista desde sempre, Bianca Lemos se dedica a reportagens que inspiram mudanças e conscientizam sobre as questões ambientais. Com uma abordagem sensível e dados bem fundamentados, seus textos chamam a atenção para a urgência do cuidado com o planeta.