Novo tratamento diminui em 63% o prurido em pacientes com dermatose

Disponibilizado no Brasil em maio, o medicamento representa uma opção terapêutica para pacientes com urticária crônica espontânea grave, após dez anos sem novas abordagens.

09/06/2025 19:49

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Novo tratamento diminui em 63% o prurido em pacientes com dermatose
(Imagem de reprodução da internet).

Um novo medicamento para o tratamento de urticária crônica espontânea, uma doença de pele inflamatória, diminui em aproximadamente 63% a coceira, principal sintoma da condição. Lançado no Brasil em maio pela farmacêutica Sanofi, o medicamento representa uma opção terapêutica após uma década sem novos tratamentos.

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A urticária crônica espontânea é uma doença de pele inflamatória, com duração superior a seis semanas, marcada pelo surgimento de lesões vermelhas na pele e/ou inchaço. Pode ocorrer em qualquer região do corpo, causando coceira intensa e inflamação, além de dor. No Brasil, estima-se que a doença afete mais de um milhão de pessoas, sendo a maioria mulheres entre 30 e 50 anos.

O tratamento inicial envolve o uso de anti-histamínicos. Contudo, nas doses convencionais, apenas 39% dos pacientes alcançam o controle da doença. Os demais indivíduos persistem com sintomas que podem ser prejudiciais e impactar a qualidade de vida.

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Conforme Luis Felipe Ensina, especialista em alergia e imunologia e coordenador do Centro de Referência e Excelência em Urticária da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), os casos em que a doença não responde ao tratamento padrão representam formas mais graves da doença.

Geralmente, são pacientes que apresentam angioedema [inchaço sob a pele] associado, que tem uma duração da doença mais longa, e que possuem um perfil imunológico específico. É um perfil que tende a ter maior dificuldade para controlar a doença, e que se beneficiará de um tratamento com imunobiológico, afirma Ensina.

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Qual é o funcionamento do novo tratamento?

O novo medicamento, denominado Dupixent (dupilumabe), é um anticorpo monoclonal que inibe a sinalização das vias IL4 e IL13. Essas são duas substâncias que atuam no processo fisiopatológico da urticária. Assim, ao bloquear essas duas substâncias, é possível reduzir a resposta inflamatória, explica Ensina.

A urticária crônica decorre da disfunção do sistema imunológico, segundo o especialista. Isso implica que o sistema imunológico produz “autoanticorpos”, que são anticorpos que atacam proteínas do próprio organismo, ativando uma célula da pele que libera uma substância chamada histamina, resultando em coceira.

Com o tratamento, as células envolvidas na urticária crônica cessam produzir esses autoanticorpos ou alteram o padrão dessa produção.

No estudo clínico de fase 3, que investiga a eficácia e segurança de um medicamento, o Dupixent foi avaliado em três estudos. Dois deles (CUPID A e CUPID C) foram realizados em indivíduos com urticária, com seis anos ou mais de idade, que não apresentavam controle com anti-histamínicos. Já o terceiro estudo, CUPID B, foi conduzido em pacientes com 12 anos ou mais, com a mesma condição e que eram refratários ou intolerantes à terapia com omalizumabe, um medicamento anti-IgE (produzido pelo sistema imunitário em resposta a alérgenos).

O estudo demonstrou que o medicamento diminuiu em aproximadamente 63% a atividade da doença, compreendendo a coceira e as urticárias relatadas pelos pacientes, quando comparado ao uso de placebo durante 24 semanas. Adicionalmente, obteve controle completo da doença em 31% dos pacientes avaliados no CUPID A.

O dupilumabe é uma nova alternativa terapêutica para uma doença que há mais de 10 anos não apresentava nenhuma inovação, desenvolvida para pacientes que não atingem resposta satisfatória ao tratamento padrão, avalia Daniela Carlini, líder médica de imunologia da Sanofi Brasil, à CNN.

O medicamento já está incorporado no SUS para o tratamento de dermatite atópica e asma grave, com as indicações abrangendo crianças a partir dos seis meses até os 11 anos, e estando incluso na lista da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para todas as faixas etárias.

“Manteremos o trabalho em parceria com órgãos públicos e privados para que a nova indicação de urticária crônica espontânea, assim como as demais indicações do imunobiológico, estejam disponíveis o mais breve possível para aqueles que mais precisam”, declara Carlini.

Cuidados específicos são necessários devido à pele seca; observe quais.

Fonte por: CNN Brasil

Marcos Oliveira é um veterano na cobertura política, com mais de 15 anos de atuação em veículos renomados. Formado pela Universidade de Brasília, ele se especializou em análise política e jornalismo investigativo. Marcos é reconhecido por suas reportagens incisivas e comprometidas com a verdade.