Novo projeto visa transformar Gaza em centro de investimentos, segundo a publicação “FT”

O jornal informou que o instituto de Tony Blair colaborou com o Boston Consulting Group e executivos de Israel no plano.

07/07/2025 19:27

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Novo projeto visa transformar Gaza em centro de investimentos, segundo a publicação “FT”
(Imagem de reprodução da internet).

O Instituto Tony Blair para Mudança Global, liderado pelo ex-primeiro-ministro britânico, esteve envolvido em um projeto para elaborar um plano pós-guerra para Gaza. A proposta incluía a criação de uma “Riviera Trump” e uma “Zona de Manufatura Inteligente Elon Musk” com o objetivo de impulsionar a economia do território.

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A iniciativa seria conduzida por empresários israelenses com base em modelos financeiros elaborados pelo BCG (Boston Consulting Group). Dois funcionários do instituto participaram de um grupo de mensagens composto por 12 pessoas, incluindo consultores do BCG e empresários israelenses. A organização também disponibilizou um documento interno denominado “Projeto Econômico de Gaza” a esse grupo.

De acordo com o jornal, o plano, chamado “Great Trust”, foi divulgado ao governo do presidente americano Donald Trump (Partido Republicano) e propunha o pagamento para que 500 mil palestinos abandonassem Gaza. O documento apresentava a concepção de uma “Riviera de Gaza” com ilhas artificiais como as de Dubai, projetos comerciais utilizando blockchain, um porto de águas profundas e “zonas econômicas especiais” com baixa tributação.

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O documento sustentava que a guerra proporcionou uma chance singular em um século para a reconstrução de Gaza com base nos fundamentos de uma sociedade segura, moderna e próspera.

A análise financeira da equipe do BCG projetava um custo de US$ 5 bilhões para o programa de realocação e uma economia de US$ 23.000 por cada pessoa palestina transferida. O plano previa a saída de 25% da população de Gaza do território, com a expectativa de que a grande maioria não retornasse, conforme reportado pelo FT.

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As projeções indicam que a união do desenvolvimento industrial e o crescimento econômico aumentariam o valor de Gaza de zero para cerca de US$ 324 bilhões.

O grupo de empresários israelenses por trás do projeto contaria com o investidor em tecnologia Liran Tancman e o investidor de risco Michael Eisenberg, que já haviam esboçado e auxiliado na criação da GHF (Fundação Humanitária de Gaza), apoiada por Israel e pelos Estados Unidos e envolvida em controvérsias relacionadas à distribuição de assistência humanitária no território palestino.

O projeto previa que todas as terras públicas de Gaza seriam depositadas em um fundo de desenvolvimento. Os indivíduos teriam a chance de contribuir com suas terras privadas para o fundo em troca de um token que garantiria o direito a uma moradia permanente.

Os dez mega projetos contemplados no documento são as rodovias “MBS Ring” e “MBZ Central”, nomeadas em homenagem aos líderes da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos, Mohammed bin Salman e Mohamed bin Zayed al-Nahyan, respectivamente.

O projeto, segundo o Financial Times, delineava como as novas estradas, porto e aeroporto transformariam Gaza em um polo comercial e assegurariam o acesso da indústria americana a US$ 1,3 trilhão em minerais de terras raras, localizados no Golfo do Oeste da Arábia Saudita.

Durante seu primeiro mandato na Casa Branca, em 2020, Trump já havia apresentado um plano de paz para a região que incluía o desenvolvimento econômico de Gaza – rejeitado pelos palestinos. Em fevereiro deste ano, ele sugeriu que Gaza fosse desocupada de palestinos enquanto os EUA assumiam a reconstrução do enclave como a “Riviera do Oriente”.

Organizações afirmam não ter participação direta.

O Instituto Tony Blair não estava envolvido na preparação do baralho, que era um baralho do BCG, e não teve nenhuma contribuição em seu conteúdo, afirmou ao FT um porta-voz do instituto.

Após o jornal revelar as provas do grupo de mensagens e do documento compartilhado, o porta-voz afirmou que participou das discussões “essencialmente em modo de escuta” e que o documento interno analisou propostas “feitas por várias partes”.

Ele acrescentou que o instituto não forneceu seu próprio documento interno para os fins do trabalho do BCG. Segundo ele, a equipe viu a apresentação, mas não a criou. “Seria errado sugerir que estávamos trabalhando com este grupo para produzir seu plano para Gaza”, declarou o porta-voz. A organização disse que sempre buscou uma “Gaza melhor para os moradores de Gaza”.

A BCG afirmou ter “ordenado categoricamente ao parceiro principal que não o realizasse [o projeto]”. “Foi orquestrado e executado secretamente, fora de qualquer escopo ou aprovação do BCG. Repudiamos totalmente este trabalho. O BCG rapidamente demitiu ambos os parceiros envolvidos neste trabalho”, declarou.

Em março, Phil Reilly, apoiado por empresários que lideram as operações de segurança da GHF, encontrou-se com Tony Blair em Londres. A instituição declarou que Reilly, ex-agente da CIA e consultor do BCG, foi quem propôs o encontro.

Fonte por: Poder 360

Autor(a):

Ex-jogador de futebol profissional, Pedro Santana trocou os campos pela redação. Hoje, ele escreve análises detalhadas e bastidores de esportes, com um olhar único de quem já viveu o outro lado. Seus textos envolvem os leitores e criam discussões apaixonadas entre fãs.