O projeto do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que propõe cortes de impostos, segue em tramitação no Senado norte-americano e espera aprovação na Câmara dos Representantes. Contudo, especialistas alertam para potenciais efeitos negativos na economia do país.

Ricardo Czapski, sócio-fundador e CEO da WFlow Investimentos, comentou sobre o tema na CNN Money: “É um projeto bastante polêmico, porque ele aponta alguns fatores de aumento de gastos, mas não aponta novas fontes de receita para suprir”.

O projeto, carinhosamente chamado de “One Big, Beautiful Bill”, propõe o incremento dos gastos com o controle de imigração, segurança nas fronteiras e recursos destinados à defesa e às forças armadas.

Ademais, impõe restrições ao Medicaid e transfere uma parcela da participação governamental para os estados no Programa de Assistência Alimentar.

Czapski destaca que o projeto contempla promessas de campanha, incluindo o aumento dos limites de dedução de imposto de renda para gorjetas e horas extras, além do aumento da isenção para quem recebe até US$ 40 mil. Contudo, essas medidas de redução na arrecadação não possuem uma compensação evidente.

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O projeto poderá elevar o nível de gastos do governo de US$ 1 trilhão a US$ 3,3 trilhões, aumentando a dívida pública norte-americana, que já é trilhionária. Isso poderia diminuir o interesse nos títulos do Tesouro americano e demandar um aumento nas taxas de juros para atrair investidores.

Ademais, o especialista adverte que o incremento no controle de imigração pode provocar pressão inflacionária: “Ele está deportando todos aqueles que estão ilegais ou que possuem algum problema de imigração. O americano não se submete a realizar o trabalho que esses imigrantes fazem pelo mesmo custo da mão de obra. Então, isso faz com que os custos se elevem e gere força inflacionária”.

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Czapski também mencionou os potenciais efeitos colaterais no Brasil. Caso as taxas de juros nos Estados Unidos subam, o país se tornará mais interessante para investimentos, podendo provocar uma saída de capitais de países como o Brasil. Isso poderia resultar em um aumento da taxa do dólar, elevando o custo de importações como trigo e petróleo.

O aumento da taxa do dólar torna o pão mais caro, pois o pão, que é consumido diariamente nas padarias, depende da importação do trigo, elevando o custo da matéria-prima.

Czapski destacou que o Federal Reserve tem demonstrado cautela em relação a possíveis reduções nas taxas de juros, esperando para avaliar o efeito das disputas comerciais e fiscais na economia.

Publicado por João Nakamura, da CNN, em São Paulo.

As políticas de Trump baseadas em trocas não são o que aparentam.

Fonte por: CNN Brasil