Mercúrio, o planeta mais próximo do Sol e o menor do Sistema Solar, está encolhendo. Esse processo é conhecido pelos cientistas há décadas, mas um novo estudo apresentou estimativas mais precisas sobre a quantidade que o planeta já diminuiu desde sua formação, há cerca de 4,5 bilhões de anos.
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A contração ocorre em Mercúrio em razão do resfriamento do seu interior. À medida que o núcleo e o manto do planeta perdem calor, suas rochas e metais sofrem contração de volume.
O estreitamento provoca rupturas geológicas na crosta, denominadas “falhas de cisalhamento”, criando grandes vertentes que percorrem a superfície do planeta, com alturas de vários quilômetros e extensões de centenas de quilômetros.
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O estudo conduzido por Stephan Loveless e Christian Klimczak, da Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos, e publicado na revista científica AGU Advances, apresenta uma nova metodologia para determinar a quantidade de contração do Mercúrio.
Os cientistas, em vez de analisar cada falha isoladamente (como ocorria em estudos anteriores), utilizaram a maior falha identificada como referência e ampliaram esse dado para toda a população de falhas mapeadas, que já ultrapassa 6 mil.
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Desta forma, foi possível limitar a estimativa da diminuição no raio de Mercúrio a uma faixa compreendendo entre 2,7 e 5,6 quilômetros.
Esta é uma estimativa mais precisa do que os valores anteriores, que variavam de 1 a 7 km. De acordo com o estudo, essa redução ocorreu gradualmente, ao longo da vida do planeta.
O geólogo britânico David Rothery comparou esse encolhimento ao que ocorre com uma maçã ao envelhecer: enquanto a fruta enruga devido à perda de água, Mercúrio enruga-se por perder calor interno. O resultado são deformações visíveis em sua superfície, como se o planeta estivesse “amassando” por dentro.
É como perceber fissuras surgindo em um pedaço de queijo enquanto ele cozinha, acompanhando a alteração do volume no interior.
As primeiras evidências do encolhimento de Mercúrio surgiram da missão Mariner 10, da NASA, em 1974, que apresentou as primeiras fendas monumentais no planeta. Décadas depois, a missão MESSENGER (MErcury Surface, Space ENvironment, GEochemistry and Ranging), também da NASA, orbitou Mercúrio entre 2011 e 2015 e confirmou que essas estruturas estavam espalhadas por toda a superfície do planeta.
A Messenger coletou informações detalhadas sobre a crosta, o núcleo, a atmosfera e as regiões polares de Mercúrio. Essa missão revolucionou a compreensão do planeta e continua sendo base para diversos estudos, incluindo o mais atual.
Também foi verificado algo parecido em Marte: ele também está se contraindo, ainda que em menor grau, e os “terremotos marcianos” detectados por sismômetros das missões Viking revelam que esse processo continua em curso.
Mercúrio pode ter surgido de uma colisão entre dois objetos.
Fonte por: CNN Brasil