Novas modalidades de garantia em leilões públicos ganham destaque com títulos de capitalização, promovendo segurança e atraindo investimentos em infraestrutura e mineração
A intensificação dos leilões de obras públicas, concessões de infraestrutura e áreas de mineração trouxe à tona uma nova modalidade para garantir contratos com o poder público. Os títulos de capitalização estão se destacando como uma alternativa às garantias tradicionais, especialmente em setores que demandam investimentos de longo prazo e alto volume.
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No setor de transportes, essa discussão ocorre em paralelo à aceleração dos leilões de concessões rodoviárias e ferroviárias. Na última quinta-feira (11), o leilão de repactuação do contrato da Autopista Fernão Dias (BR-381), que conecta São Paulo a Belo Horizonte, representou um avanço na estratégia do governo para modernizar contratos antigos e liberar investimentos.
O leilão foi realizado na B3, em São Paulo, e registrou uma concorrência significativa, com um deságio de 17,05% na tarifa de pedágio. O modelo adotado, denominado “contrato otimizado”, está sendo utilizado para facilitar a modernização dos contratos.
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O ministro dos Transportes, Renan Filho, mencionou que, além de oito leilões no setor ferroviário, essa abordagem faz parte do esforço para aumentar investimentos e resolver pendências contratuais.
A discussão sobre garantias também se estendeu à mineração. A ANM (Agência Nacional de Mineração) iniciou uma consulta pública para a 9ª rodada de leilões de áreas minerárias. Na nota técnica que acompanha o edital, a agência explica que a inclusão do título de capitalização como garantia visa ampliar as opções disponíveis, reforçar a segurança jurídica e mitigar riscos de inadimplência.
Os títulos de capitalização surgem como uma alternativa viável de garantia, ao lado de instrumentos já utilizados. Diferentemente da caução em dinheiro ou da fiança bancária, a capitalização permite que o vencedor do leilão faça um aporte financeiro vinculado ao contrato, que permanece como garantia durante a execução e pode ser resgatado ao final, caso não haja inadimplência.
A ANM ressalta que a diversificação das garantias busca alinhar os leilões de mineração às práticas de outros setores regulados, como o de transportes, onde contratos longos e investimentos elevados exigem instrumentos mais flexíveis. A expectativa é que esse modelo aumente a competitividade dos certames, reduza barreiras de entrada e fortaleça a segurança jurídica.
A ampliação do uso da capitalização ocorre em um contexto regulatório mais amplo. A Lei nº 14.133/2021 passou a reconhecer formalmente o título de capitalização como instrumento de garantia em contratos administrativos, expandindo as opções além das modalidades tradicionais.
Essa mudança permite que gestores públicos elaborem editais mais adequados à realidade financeira dos projetos, mantendo o controle e a fiscalização.
Para o setor de capitalização, a inclusão desse instrumento em diferentes frentes regulatórias indica um amadurecimento institucional. Denis Morais, presidente da FenaCap (Federação Nacional de Capitalização), destaca que o título de capitalização, quando utilizado como garantia, oferece previsibilidade e benefícios concretos para concessionárias, investidores e o poder público.
Em meio a uma agenda robusta de leilões e concessões, a CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras) e o PPI (Programa de Parcerias de Investimentos) desenvolveram um guia técnico para orientar o uso de seguros e títulos de capitalização em contratos de concessões e PPPs (Parcerias Público-Privadas).
O material enfatiza que a adoção de instrumentos financeiros diversificados pode aumentar a atratividade dos projetos para investidores, especialmente em setores intensivos em capital, reduzir barreiras para empresas sem garantias bancárias tradicionais, e ampliar a previsibilidade e segurança jurídica dos contratos públicos.
Além disso, essas medidas visam mitigar riscos de inadimplência e acelerar a execução de obras e investimentos em rodovias, ferrovias, áreas minerárias e outros ativos públicos por meio de novos contratos e repactuações.
Autor(a):
Ana Carolina é engenheira de software e jornalista especializada em tecnologia. Ela traduz conceitos complexos em conteúdos acessíveis e instigantes. Ana também cobre tendências em startups, inteligência artificial e segurança cibernética, unindo seu amor pela escrita e pelo mundo digital.