Nova terapia diminui em 46% o risco de progressão do câncer de pulmão
Novo estudo, divulgado no maior congresso de oncologia global, demonstra resultados promissores que podem alterar o tratamento padrão para o tipo agressivo do câncer.

Um novo tratamento para um tipo agressivo de câncer de pulmão evidenciou uma melhora considerável na sobrevida – tempo de vida após o diagnóstico – de pacientes com a doença, com uma redução de 46% no risco de morte ou progressão da doença. Os resultados do estudo foram apresentados nesta segunda-feira (2) na reunião anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco) 2025, principal evento científico da área, que ocorre em Chicago, nos Estados Unidos.
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O estudo clínico de fase 3 — que avalia a eficácia e a segurança de uma terapia — revelou que a combinação de um medicamento chamado lurbinectedina com a imunoterapia atezolizumabe obteve resultados superiores ao tratamento padrão atual em relação à sobrevida e ao controle do câncer de pulmão de pequenas células. Esse tipo de tumor é responsável por aproximadamente 15% dos cânceres de pulmão e, frequentemente, é diagnosticado já em estágio avançado.
Atualmente, o tratamento inicial recomendado para essa neoplasia consiste em atezolizumabe associado a carboplatina e etoposídeo (medicamentos quimioterápicos), seguido por imunoterapia de manutenção.
A lurbinectedina, no estudo recente, é um agente alquilante que reduz ou impede o desenvolvimento de células cancerígenas e está aprovada nos Estados Unidos para o tratamento de câncer de pulmão de pequenas células metastático que avançou durante ou após a quimioterapia.
Este estudo de fase 3 investigou se a incorporação da lurbinectedina ao tratamento padrão otimizaria a sobrevida global e livre de progressão (ausência de avanço da doença) em um cenário de terapia de manutenção.
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Um estudo avaliou 660 pacientes com câncer de pulmão de pequenas células em estágio extenso sem metástases cerebrais ou espinhais (o tumor não havia se disseminado para o cérebro ou para a medula espinhal). Após receberem quatro ciclos da terapia de indução padrão com atezolizumabe, carboplatinas e etoposídeo, 483 pacientes com doença estável ou em resposta foram randomizados para receber terapia de manutenção.
Os resultados evidenciaram distinções significativas entre os grupos. Pacientes submetidos à combinação de lurbinectedina e atezolizumabe registraram um tempo livre de progressão médio de 5,4 meses, em contraste com 2,1 meses no grupo que recebeu apenas atezolizumabe. A sobrevida global média foi de 13,2 meses contra 10,6 meses, indicando uma diminuição de 27% no risco de óbito.
Os resultados representam um avanço significativo para uma doença historicamente muito desafiadora. O câncer de pulmão de pequenas células é conhecido por sua agressividade e opções teraputicas limitadas. Observar uma redução de quase 50% no risco de progressão da doença é algo que pode impactar significativamente a qualidade de vida dos pacientes, avalia William Nassib William Jr., líder nacional da especialidade tumores torácicos das Oncoclínicas. Ele participa do congresso da Asco, mas não esteve envolvido no estudo.
A lurbinectedina age por um mecanismo distinto dos fármacos quimioterápicos convencionais. A terapia interfere no processo de transcrição do DNA nas células cancerosas, enquanto o atezolizumabe é uma imunoterapia que auxilia o sistema imune a identificar e destruir as células cancerígenas.
Espera-se que os resultados conduzam à aprovação regulatória da combinação para uso em primeira linha de manutenção para o câncer de pulmão de pequenas células. “Se aprovada, esta combinação tem potencial para se tornar um novo padrão de cuidado para pacientes com essa doença em estágio avançado. Isso representaria uma mudança significativa no paradigma de tratamento desta doença”, avalia William Jr.
Apesar do potencial observado, os autores do estudo consideram que mais investigações para identificar os pacientes que apresentariam maior vantagem com a abordagem combinada, juntamente com o monitoramento de longo prazo, são cruciais.
Os resultados do estudo possibilitam novas pesquisas e combinações terapêuticas. É um avanço significativo, embora tenhamos que continuar investigando outras estratégias para aprimorar os resultados para esses pacientes que lidam com uma doença tão agressiva, conclui o especialista.
Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Gabriel Furtado
Gabriel é economista e jornalista, trazendo análises claras sobre mercados financeiros, empreendedorismo e políticas econômicas. Sua habilidade de prever tendências e explicar dados complexos o torna referência para quem busca entender o mundo dos negócios.