Nova reforma tributária poderá aumentar em até 10% a margem de lucro da indústria e em 5% a do varejo
Novo estudo aponta que a nova estrutura tributária beneficia setores produtivos que obtêm maior margem de lucro, sem que haja elevação nos preços.

A proposta de Reforma Tributária em análise no Congresso estabelece uma alíquota de aproximadamente 28% para o novo Imposto sobre Valor Agregado (IVA), o que gerou atenção devido ao seu elevado patamar. Contudo, conforme um estudo da Omnitax, as alterações mais significativas para as empresas residem nos impactos do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços).
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O estudo aponta que a nova configuração pode resultar em uma diminuição de até 39% na carga de tributos para a indústria e de 33% para o varejo.
O setor de serviços poderá experimentar um aumento de 267% nas alíquotas, sendo necessário elevar os preços em até 40% para preservar a rentabilidade.
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Indústria e varejo
A Omnitax, especializada em inteligência tributária, conduziu uma análise de dados provenientes de mais de 100 clientes. A avaliação compreendeu entrevistas qualitativas e quantitativas com os diretores financeiros.
O diretor-executivo da empresa, Paulo Zirnberger, ressalta que as decisões sobre o adiantamento ou não da redução de impostos podem impactar consideravelmente os resultados financeiros.
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No comércio varejista, manter os preços em níveis constantes geraria:
A receita líquida é consistente.
resultado líquido com aumento de 6,5 pontos percentuais
as despesas serão mantidas, contanto que todos os créditos dos prestadores sejam liberados.
resultado operacional com aumento de 8 pontos
lucro líquido com aumento de até 5 pontos percentuais
Se o comércio varejista escolher diminuir os preços para aumentar sua participação de mercado, a receita líquida poderá declinar em 8 pontos. Com despesas mantidas, isso implicaria uma perda de 1 ponto no resultado operacional e de meio ponto no lucro líquido.
Indústria
Para a indústria, o cenário de manutenção de preços pode levar a:
A receita líquida é consistente.
Aumento de 7 pontos na lucratividade bruta.
redução de 10 pontos nas despesas
Aumento de 17 pontos no resultado operacional.
Lucro líquido aumenta em 10 pontos.
A redução de preços pode resultar em uma queda de 24% na receita, com diminuição de 7 pontos no lucro bruto e 7 pontos no resultado operacional. O impacto no lucro líquido seria de 5 pontos menores.
Serviços
O estudo indica que a Reforma Tributária estabelece uma situação prejudicial para o setor de serviços. O aumento das alíquotas incidentes demandará ajustes médios de até 40% nos preços finais.
Zirnberger argumenta que, apesar dos clientes poderem usufruir do crédito total dos impostos pagos, o aumento nos preços demandará uma análise cuidadosa de contratos e justificativas comerciais complexas.
O executivo relata que diversos clientes manifestaram interesse em utilizar seus créditos de serviços, porém, não concordam com aumentos de 40% e buscam fornecedores mais competitivos.
Simples Nacional pode perder atratividade
Com a implementação do modelo de créditos integrais, a Reforma tende a incentivar a transferência de empresas do Simples Nacional para o regime de Lucro Real ou Presumido.
De acordo com Zirnberger, grandes empresas vão demandar os mesmos padrões tributários para assegurar o aproveitamento de créditos. Dessa forma, empresas do Simples Nacional podem ser obrigadas a recolher as alíquotas completas de IBS e CBS.
Essa mudança estabelece um regime híbrido, mais complexo, que pode ser difícil de administrar para as mais de 18 milhões de empresas que utilizam o Simples atualmente.
Fonte por: Carta Capital
Autor(a):
Júlia Mendes
Apaixonada por cinema, música e literatura, Júlia Mendes é formada em Jornalismo pela Universidade Federal de São Paulo. Com uma década de experiência, ela já entrevistou artistas de renome e cobriu grandes festivais internacionais. Quando não está escrevendo, Júlia é vista em mostras de cinema ou explorando novas bandas independentes.