Nova legislação da Coca-Cola geraria custos elevados e afetaria os agricultores americanos
Na quarta-feira, Trump afirmou que a empresa havia chegado a um acordo para utilizar açúcar de cana em suas bebidas no país, em decorrência de conversas…

A implementação por parte da Coca-Cola e de outros setores de bebidas e alimentos do uso de açúcar de cana em vez de xarope de milho como adoçante seria complexa e dispendiosa, além de prejudicial para os produtores agrícolas nos Estados Unidos.
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na quarta-feira (16) que a Coca-Cola havia chegado a um acordo para utilizar açúcar de cana em seus produtos no país, após diálogos com a empresa responsável pela principal marca de refrigerante.
O Secretário de Saúde, Robert F. Kennedy Jr., com apoio do movimento social Make America Healthy Again (MAHA), tem defendido alterações nos ingredientes utilizados pela indústria de alimentos e bebidas, sustentando que as alternativas propostas são mais saudáveis.
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A empresa já comercializa Coca-Cola produzida com açúcar de cana em diversos mercados, incluindo o México, e certos supermercados nos Estados Unidos vendem garrafas de vidro identificadas como “Coca-Cola mexicana”.
A Coca-Cola respondeu ao comentário de Trump afirmando que mais informações sobre as novas ofertas inovadoras da linha de produtos Coca-Cola serão divulgadas em breve.
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A PepsiCo também afirmou na quinta-feira que utilizaria açúcar em seus produtos, como as bebidas Pepsi, caso os consumidores desejassem.
Analisistas do setor afirmaram que as alterações na formulação de outros refrigerantes da Coca-Cola comercializados nos EUA, juntamente com outras bebidas e doces, demandariam adaptações substanciais nas cadeias de suprimentos das empresas, considerando que o xarope de milho e o açúcar são provenientes de produtores distintos. Isso também implicaria modificações na rotulagem dos produtos e geraria custos adicionais.
As indústrias de alimentos e bebidas utilizaram o xarope de milho nos EUA devido aos custos. É mais barato que o açúcar, afirmou Ron Sterk, editor sênior da SOSland Publishing, um fornecedor de informações para o setor de ingredientes nos EUA.
Ele afirmou que o setor de bebidas emprega xarope de milho com 55% de frutose, ou 55HFCS, ao passo que os padeiros utilizam xarope de 42% HFCS.
A Corn Refiners Association afirmou que a remoção total do xarope de milho com alto teor de frutose da oferta de alimentos e bebidas nos EUA diminuiria os preços do milho em até 34 centavos de dólar por bushel, gerando uma perda de US$5,1 bilhões em receita agrícola.
A CRA declarou que a crise econômica emergente causaria a perda de empregos no setor rural e consequências econômicas relevantes para as comunidades de todo o país.
Empresas de processamento agrícola, como Archer-Daniels-Midland e Ingredion, dois dos maiores produtores de HFCS, processam milho em moinhos distribuídos ao longo da região agrícola do Meio-Oeste para fabricar xarope de milho e outros produtos, incluindo etanol. As ações dessas duas empresas apresentaram queda nesta quinta-feira.
A ADM estima distribuir entre 4 bilhões e 4,5 bilhões de libras de xarope de milho com alto teor de frutose anualmente, o que corresponde a aproximadamente 6% a 7% dos lucros projetados para 2026, afirmou a analista Heather Jones, da Heather Jones Research.
A transferência total do uso de HF55 para a cana geraria um aumento de custo que provavelmente excederia US$1 bilhão, considerando a diferença de preço entre o HF55 e o açúcar de cana e a probabilidade de grandes incrementos de preço para este último, afirmou Jones em uma nota.
A produção de uma libra de HFCS demanda aproximadamente 2,5 libras de milho, portanto, uma alteração significativa no consumo de xarope de milho nos EUA afetaria a demanda por esse cereal, impactando os produtores de milho e, provavelmente, elevando as importações de açúcar de cana, devido à insuficiência de produção nos Estados Unidos para atender à demanda norte-americana.
Deficiência de açúcar
Anualmente, são utilizados aproximadamente 400 milhões de bushels de milho para a produção de xarope de milho destinado a bebidas e outros produtos alimentícios, correspondendo a cerca de 2,5% da produção de milho dos Estados Unidos, conforme dados oficiais do governo americano.
Os Estados Unidos fabricam aproximadamente 3,6 milhões de toneladas de açúcar de cana anualmente, sendo que metade dessa produção ocorre no estado de origem de Trump, a Flórida, em contraste com cerca de 7,3 milhões de toneladas de xarope de milho.
As incessantes disputas comerciais de Trump, contudo, comprometeriam a superação do déficit, afirmou o analista de açúcar Michael McDougall.
“Provavelmente virá do Brasil”, declarou ele, mencionando o maior produtor mundial de açúcar de cana, “mas Trump acabou de impor ao Brasil uma tarifa de importação de 50%”.
Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Bianca Lemos
Ambientalista desde sempre, Bianca Lemos se dedica a reportagens que inspiram mudanças e conscientizam sobre as questões ambientais. Com uma abordagem sensível e dados bem fundamentados, seus textos chamam a atenção para a urgência do cuidado com o planeta.