Notícias falsas sobre Brigitte Macron ser transgênero ganham força após decisão judicial ser interpretada por teóricos da conspiração

A instância judicial, contudo, considerou que a alegação de transexualidade, isoladamente, não se enquadra como uma afronta à honra ou à imagem.

24/07/2025 21:53

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Notícias falsas sobre Brigitte Macron ser transgênero ganham força após decisão judicial ser interpretada por teóricos da conspiração
(Imagem de reprodução da internet).

A decisão do Judiciário francês de absolvê duas mulheres acusadas de espalhar o boato de que Brigitte Macron seria uma mulher trans foi rapidamente utilizada por grupos conspiracionistas como uma suposta “confirmação” da teoria, apesar da corte não ter reconhecido a veracidade da alegação.

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Em meados de julho, o Tribunal de Apelação de Paris absolvveu Natacha Rey e Amandine Roy, acusadas de difamação por divulgar a teoria de que Brigitte Macron seria uma mulher trans. A decisão, contudo, não confirmou a alegação. Segundo o advogado especializado em direito da imprensa Christophe Bigot, “essas absolvições não podem, de forma alguma, ser interpretadas como reconhecimento da veracidade dos fatos alegados”.

A corte decidiu que a acusação de transgeneridade, por si só, não configura ofensa à honra ou à reputação. “A Justiça não disse que as ré estavam certas, apenas que o conteúdo das declarações não se enquadra como crime”, explicou Bigot. A corte também rejeitou as acusações de falsificação de documentos e de um suposto “casamento fraudulento” entre Brigitte Macron e seu primeiro marido, considerando que os documentos apresentados pela parte civil desmantelam a argumentação das ré.

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A única parte do processo em que a corte reconheceu difamação foi a que envolvia a acusação de que Brigitte Macron teria cometido abuso de menor ao iniciar um relacionamento com Emmanuel Macron, então seu aluno. No entanto, as réus foram absolvidas com base na boa-fé, já que, segundo a corte, ambas “não são profissionais da informação” e se basearam em reportagens sobre o relacionamento entre o jovem estudante de 16 anos e sua professora de teatro de 39.

Brigitte Macron, seu irmão e o Ministério Público interpelaram o Tribunal de Casamento.

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Além das ações na França, o casal presidencial também recorreu à Justiça dos Estados Unidos. Brigitte e Emmanuel Macron moveram uma ação contra a influenciadora conservadora Candace Owens, que possui milhões de seguidores nas redes sociais X (antigo Twitter) e YouTube. O processo, com 218 páginas, foi apresentado no Tribunal Supremo do estado de Delaware e solicita um julgamento com júri, além de indenizações punitivas.

Após receberem repetidos pedidos, o casal Macron ingressou com a ação contra Owens, que ignorou a solicitação de remoção de declarações falsas e difamatórias presentes na série de vídeos e podcasts intitulada Becoming, composta por oito episódios.

A campanha de difamação promovida por Owens foi claramente planejada para nos assediar, causar sofrimento a nós e às nossas famílias, e atrair atenção e notoriedade, afirmaram Brigitte e Emmanuel Macron. Demos a ela todas as oportunidades para recuar dessas alegações, mas ela se recusou. Nossa esperança sincera é que este processo judicial restabeleça a verdade e ponha fim, de uma vez por todas, a essa campanha de difamação.

A ação acusa Owens de utilizar sua plataforma para disseminar “mentiras devastadoras e comprovadamente falsas” sobre o casal, incluindo alegações de que Brigitte Macron teria nascido homem, que ela e Emmanuel seriam parentes consanguíneos e que o presidente francês teria sido escolhido por um programa de controle mental operado pela CIA.

“Se existe um caso claro de difamação, é este”, afirmou o advogado Tom Clare, que representa o casal presidencial.

A primeira-dama francesa se junta a um grupo de mulheres públicas que já foram alvo de campanhas de desinformação transfóbica, como Michelle Obama, Kamala Harris e Jacinda Ardern.

A estratégia, frequente em ambientes digitais polarizados, visa desconstruir a reputação de mulheres influentes através de ataques à sua identidade de gênero, uma tática que combina preconceito de gênero, transfobia e teorias conspiratórias.

Fonte por: Carta Capital

Autor(a):

Apaixonada por cinema, música e literatura, Júlia Mendes é formada em Jornalismo pela Universidade Federal de São Paulo. Com uma década de experiência, ela já entrevistou artistas de renome e cobriu grandes festivais internacionais. Quando não está escrevendo, Júlia é vista em mostras de cinema ou explorando novas bandas independentes.