Nos 90 anos de existência, o grupo Alcoólicos Anônimos apresenta predominância de mulheres

Na terça-feira (10), completaram-se cinco anos desde que a pernambucana I.F., de 42 anos, decidiu interromper a dor que a consumia. Ela encontrou, na época, uma reportagem sobre os Alcoólicos Anônimos (AA), que em 2020, atingiam 85 anos de existência. I.F. se reconheceu nas narrativas apresentadas e buscou mais informações.

10/06/2025 10:47

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Nos 90 anos de existência, o grupo Alcoólicos Anônimos apresenta predominância de mulheres
(Imagem de reprodução da internet).

Na terça-feira (10), marcaram-se cinco anos desde que a pernambucana I.F., de 42 anos, decidiu interromper a angústia que a consumia. Ela encontrou, na oportunidade, uma matéria sobre os Alcoólicos Anônimos (AA), que, em 2020, atingiam 85 anos de existência. I.F. se conectou com os relatos apresentados e buscou mais detalhes. Saiba como participar de uma reunião dos AA.

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Acordei naquele dia e comecei a beber pela manhã. Estava enfrentando diversos problemas. Era época de pandemia. Ela, que havia passado por um término e começara a beber de forma ocasional, tornou-se dependente.

A Vulnerabilidade Hoje assegura que a participação nas reuniões do grupo, que se organiza como uma “irmandade”, com outras pessoas que vivenciam o mesmo problema, transformou a vida de seus integrantes. “Atendo mulheres que se encontram em situações de vulnerabilidade como eu passei”.

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Com a celebração dos 90 anos de fundação do AA, I.F espera que alguém com dependência de bebida alcoólica também conheça sua história e procure ajuda. “Eu peguei o número, mandei uma mensagem e me enviaram o link de uma reunião virtual”. Ela entrou em uma reunião só com mulheres.

Ouvir suas declarações sobre essas questões foi o fator determinante para que ela permanecesse e buscasse a recuperação no Alcoólicos Anônimos. Ela afirma que a participação no grupo a salvou da destruição. I.F. também participa de reuniões tradicionais mistas.

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De acordo com A.A., o número de reuniões de composição feminina cresceu em 44,7%, em comparação do período pré e pós-pandemia. Atualmente, existem aproximadamente 65 reuniões de composição feminina, presenciais e online, com a participação de mulheres de todo o país.

A Irmandade do AA surgiu nos Estados Unidos em 1935. A participação nas reuniões é gratuita. O objetivo é que os indivíduos nos grupos compartilhem suas vivências para auxiliar uns aos outros na recuperação do alcoolismo.

A presidente da Junta de Serviços Gerais de Aloquícios Anônimos do Brasil (JUNAAB), Lívia Pires Guimarães, que é psicóloga, declara que o consumo de álcool por mulheres é subnotificado e invisibilizado.

Quando se trata de uma mulher, esse estigma se intensifica e ela é submetida a adjetivos depreciativos. O local em que a mulher costuma consumir álcool frequentemente é sua própria casa, o que acaba sendo ignorado.

Ela, contudo, observa que, durante a pandemia e com as reuniões virtuais, as mulheres conseguiram encontrar um caminho e um espaço para ter acesso à Irmandade Alcoólicos Anônimos. “A partir do contato online, começaram a ir para o presencial também, ou permanecer nos dois. E aqui o movimento começou a aumentar”.

A Virtual Aliãs, ao viabilizar a reunião virtual, impulsionou a procura pelo serviço. Anteriormente, havia a intenção de realizar encontros virtuais, porém, existia uma preocupação particular devido ao anonimato, um fator crucial para o grupo.

Livia Guimarães explica que as reuniões são organizadas e conduzidas por membros do grupo. “Todas as ações são feitas por integrantes da irmandade. São eles que vão pensar, idealizar, trabalhar para acontecer e fazer.”

A bebida na infância: Há muitas histórias para contar, como a de R.S., 61 anos, residente no Piauí, que está há mais de 33 anos em abstinência de álcool. Ele chegou ao grupo em 1992. Experimentou bebida alcoólica aos seis anos. “Foi a primeira vez que me embriaguei”. O pai era dependente químico de bebida. Na adolescência e “todas as vezes” que tinha acesso à bebida, não tinha controle.

Lembrou-se de que, em seu primeiro emprego, utilizou integralmente o salário para comprar bebidas. Relata ter dependido de familiares, incluindo irmãs, para obter auxílio financeiro. Acrescenta que quase perdeu a vida devido às situações de risco em que se envolveu.

Aos 28 anos, o homem, em fase de recuperação, ficou assustado com o próprio vômito e se lembrou de um colega de trabalho que já havia se oferecido a ajudar. “Fui para a casa dele. Isso ocorreu em 22 de abril de 1992” e o levou ao grupo de AA. Desde então, formou família, com um filho, fez faculdade e obteve pós-graduação.

O homem, identificado como Natali, de 67 anos, morador de São Paulo, relata: “Meu histórico com o alcoolismo teve início aos 13 anos, após a perda do meu pai e o início de trabalho em uma metalúrgica”.

Ele compreende que, aos 18 anos, já enfrentava sérios problemas com álcool. Um momento crucial foi a morte de uma noiva, quando tinha apenas 21 anos. Em 1999, buscou auxílio no AA. O período de abstinência alterou o curso da sua vida. “Isso muda tudo depois que você conhece o caminho da sobriedade, evitando a primeira taça. Você se percebe apto a ser quem sabe que é, mas o álcool o impedia.”

Fonte por: Tribuna do Norte

Gabriel é economista e jornalista, trazendo análises claras sobre mercados financeiros, empreendedorismo e políticas econômicas. Sua habilidade de prever tendências e explicar dados complexos o torna referência para quem busca entender o mundo dos negócios.