No Rio de Janeiro, mais de 550 pessoas foram vítimas de um golpe praticado por falsos advogados somente neste ano

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) identificou, unicamente em 2025, mais de 550 denúncias de fraudes cometidas por estelionatários que se passavam por advogados no estado do Rio de Janeiro. Esse número representa um aumento preocupante desse tipo de ilícito. Mais de seis mil casos foram registrados em seis estados.

Criminosos entram em contato, se passando por advogados, e prometem quitar dívidas, indenizações ou heranças, utilizando linguagem técnica e documentos falsificados para persuadir as vítimas a realizar depósitos bancários.

O empresário Valcider de Sousa Silva, de 49 anos, residente na Zona Oeste do Rio, relatou que o incidente teve início com uma ligação.

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O primeiro contato foi por telefone. A pessoa se apresentou como sendo um ou dois advogados do escritório do Dr. Bruno Bueno e começou a falar de uma negociação que eu estava conduzindo com uma financeira, conta Valcider.

O empresário afirmou que os golpistas possuíam informações detalhadas sobre sua situação, o que o induziu a confiar.

Eles estavam cientes das sugestões que eu apresentei para quitar o débito, citaram valores, prazos, tudo. Informaram que haviam conseguido um acordo de R$ 21.500, desde que eu efetuasse um pagamento inicial para assegurar a formalização.

Valcider declara que jamais teve qualquer suspeita de fraude .

Já havia conversado com o setor financeiro do escritório verdadeiro antes, então quando ele mencionou o acordo, eu achei que tudo estava certo. Realizei o primeiro depósito de R$ 3 mil via Pix e combinei de transferir mais R$ 5 mil na mesma semana, o que efetivamente fiz.

O empresário recorda que dois criminosos se alternavam nas abordagens.

Duas pessoas trocavam mensagens, sempre alegando pertencer ao mesmo escritório. Posteriormente, a foto do perfil mudou para o nome do doutor e, em seguida, para uma imagem de um homem chamado Roberto. Contudo, ambos utilizavam a marca do escritório do Dr. Bruno.

Em uma das fotos, a pessoa aparecia sentada à mesa, como se estivesse dentro do escritório. Eu não tinha como, naquele momento, considerar aquilo falso.

A partir daí, as comunicações persistiram por várias semanas.

Eles enviaram até um contrato por e-mail, com carimbo e nome do escritório. Só desconfiei quando comecei a ter dificuldades para me comunicar com eles. Aí resolvi ir pessoalmente ao escritório do Dr. Bruno. Foi quando descobri que tudo não passava de um golpe. Eles não tinham nenhuma relação com essa negociação.

Apesar da identificação, os fraudadores continuaram em contato com Valcider por mais de cinco meses.

Eles prosseguiram enviando mensagens, demonstrando interesse pelas minhas postagens no WhatsApp e buscando manter a situação falsa. Então, acabei registrando um boletim de ocorrência na delegacia.

O advogado tributarista e especialista em finanças Bruno Medeiros Durão, cujo nome foi indevidamente utilizado por golpistas, emite um alerta.

Esses golpes são emocionais. Os fraudadores se passam por profissionais autênticos, mencionam leis, procedimentos, utilizam informações expostas e exploram a confiança das vítimas. O indivíduo acredita estar conversando com um advogado legítimo, sobretudo ao visualizar documentos que parecem oficiais.

A presidente da OAB-RJ, Ana Tereza Basilio, destacou a relevância de empregar o canal de comunicação habitual do cliente com o advogado.

É muito importante que o cliente, ao receber qualquer pedido de pagamento, confirme diretamente com seu advogado, pelo canal habitual.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) lançou a campanha “Advocacia Segura” para enfrentar esse tipo de crime. Dentre as principais ações, destaca-se a plataforma VerificaAdvocacia, que possibilita verificar gratuitamente, em tempo real, se o advogado está registrado e ativo na Ordem. Além disso, a instituição declarou que está cruzando dados com o Ministério Público (MP), o Tribunal de Justiça (TJ) e as seções de assistência jurídica para identificar e impedir os fraudadores.

Fonte por: CNN Brasil