Nível do Cantareira em 23,4% é alarmante e pior que antes da seca histórica de 2014 em SP

Especialista alerta que a degradação das bacias e as mudanças climáticas intensificam a crise ambiental no estado.

28/10/2025 12:59

3 min de leitura

(Imagem de reprodução da internet).

Reservatórios de São Paulo Abaixo do Nível de 2013

Os reservatórios que abastecem a região metropolitana de São Paulo estão com níveis inferiores aos registrados no final de 2013, ano que precedeu a severa seca de 2014 e 2015. Em 31 de dezembro de 2013, o Sistema Cantareira operava com 27,3% de sua capacidade, segundo dados da Sabesp, a companhia de saneamento do estado.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Atualmente, esse índice é de 23,4%, o que é considerado “muito preocupante” por Samuel Barreto, gerente de água da The Nature Conservancy (TNC) Brasil.

Em entrevista à Rádio Brasil de Fato, Barreto explica que a situação é resultado de uma combinação de fatores que vão além da escassez de chuvas. Ele menciona que a região perdeu mais de 70% de sua cobertura florestal original devido ao crescimento desordenado das cidades.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Além disso, o aumento do consumo e os impactos das mudanças climáticas contribuem para esse cenário. Mesmo que as chuvas ocorram dentro das médias históricas, os níveis de água continuarão preocupantes no próximo ano.

Medidas do Governo e Críticas ao Desperdício

Na última sexta-feira (25), o governo paulista anunciou um plano que pode restringir o fornecimento de água entre 8h e 16h, visando evitar que os mananciais atinjam o “volume morto”. Barreto enfatiza que é essencial implementar medidas estruturais junto às ações imediatas.

Leia também:

Ele defende a recuperação de córregos, mananciais e bacias hidrográficas, ressaltando que a água não vem apenas da torneira, mas de mananciais saudáveis.

O especialista também critica o elevado índice de desperdício de água. Segundo ele, São Paulo perde cerca de 29% da água tratada, enquanto em algumas regiões do Brasil as perdas podem chegar a 70%. Barreto considera inaceitável perder em média 40% da água, destacando que isso deve ser uma prioridade, pois afeta a economia, os ecossistemas e a vida das pessoas.

Crise Hídrica e Mudanças Climáticas

Barreto ressalta que a crise hídrica não é um problema exclusivo de São Paulo, mas um fenômeno que afeta todo o país. Ele aponta a degradação de biomas como fatores centrais na diminuição das chuvas e na alteração do ciclo das águas. O gerente da TNC alerta que, se a degradação continuar, o risco de racionamento até 2050 se tornará real.

Ele defende que a adaptação às mudanças climáticas deve incluir o uso racional e a conservação da água. Barreto resume que, enquanto a mitigação das mudanças climáticas está relacionada ao carbono, a adaptação está ligada à água.

Prioridade para as Periferias

Com o plano de racionamento em andamento, Barreto destaca a necessidade de atenção especial às periferias, onde muitas residências não possuem caixa d’água. Ele afirma que as populações mais vulneráveis são as mais afetadas e que é necessário desenvolver planos de contingência para garantir o abastecimento nessas áreas.

Além disso, ele enfatiza que o abastecimento doméstico deve ser a prioridade.

Para Barreto, enfrentar essa questão também requer uma mudança cultural. Ele critica práticas como varrer calçadas com água, afirmando que é preciso adotar uma nova atitude em relação a esse recurso essencial para a vida.

Autor(a):

Ex-jogador de futebol profissional, Pedro Santana trocou os campos pela redação. Hoje, ele escreve análises detalhadas e bastidores de esportes, com um olhar único de quem já viveu o outro lado. Seus textos envolvem os leitores e criam discussões apaixonadas entre fãs.