Netanyahu reconhece que Israel está sofrendo isolamento em decorrência do conflito em Gaza

O chefe do executivo afirmou, na segunda-feira (15), que a economia do país necessitaria de ajustes, reduzindo sua dependência do comércio exterior.

15/09/2025 18:05

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Netanyahu reconhece que Israel está sofrendo isolamento em decorrência do conflito em Gaza
(Imagem de reprodução da internet).

Diante da crescente pressão internacional sobre a guerra de quase dois anos em Gaza, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu alertou na segunda-feira (15) que Israel está vivenciando uma espécie de isolamento que poderá persistir por anos, e não tem alternativa senão se defender por conta própria.

Netanyahu afirmou, em uma conferência do Ministério das Finanças, que a economia de Israel necessitaria se ajustar às “características autárquicas”, tornando-se mais autônoma e menos dependente do comércio exterior.

“É uma palavra que detesto”, declarou Netanyahu, afirmando que foi ele quem implementou uma “revolução de livre mercado” em Israel.

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O setor de comércio de armas é uma das indústrias que sofre com o isolamento, o que pode levar Israel a evitar a dependência de importações estrangeiras de armas.

“Precisaremos fortalecer nossa indústria bélica – seremos Atenas e a super Esparta, unidos. Não temos alternativa, pelo menos nos próximos anos, quando estaremos compelidos a responder a essas tentativas de isolamento”, declarou ele.

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As declarações de Netanyahu representam um notável reconhecimento da significativa reação internacional que Israel enfrenta à medida que intensifica sua guerra em Gaza.

Ele manteve-se inflexível, ignorando os avisos das Nações Unidas e de outros países de que um ataque à Cidade de Gaza provocaria mais mortes e destruição, e, em meio a crescentes acusações de que Israel estaria cometendo genocídio no enclave, o que Israel nega veementemente.

Israel atualmente sofre com restrições parciais ou completas de exportação de armas da França, Holanda, Reino Unido, Espanha, Itália e outros países, em razão de suas ações durante a guerra em Gaza.

A maior parte das importações de armas, contudo, provém dos Estados Unidos, que não aplicaram tais restrições e alertou outros países para que não o fizessem. Um atraso na gestão Biden em um envio de bombas de 900 kg foi rapidamente retomado pelo governo Trump.

Impacto econômico

A população israelense, incluindo as famílias dos sequestrados e até mesmo os militares, se opôs à expansão do conflito, temendo que isso pudesse expor os reféns a riscos e aumentar o número de vítimas civis. Contudo, o primeiro-ministro manteve-se firme em sua decisão de seguir em frente.

Por muitos anos, Israel foi vista como uma potência econômica regional e mundial, em grande parte devido à sua reconhecida indústria de tecnologia de ponta. Contudo, a guerra causou um impacto econômico significativo e se tornou a mais longa e dispendiosa da história do país.

Netanyahu atribuiu, em parte, o isolamento a “uma agenda islâmica extremista”, que, segundo ele, teve uma “influência muito negativa” na política externa europeia. Ele também afirmou que Estados rivais “entre eles o Catar” moldaram o discurso global nas redes sociais, o que “nos coloca em uma espécie de isolamento”.

“Esta situação nos ameaça com o início de sanções econômicas e problemas na importação de armas e peças de armas”, declarou Netanyahu. “Não haverá segunda chance”.

Yair Lapid, líder da oposição israelense, criticou Netanyahu em resposta, afirmando que sua declaração de que Israel está entrando em “loucura” era equivocada.

O isolamento não é um destino; é consequência da política insucesso de Netanyahu, escreveu Lapid no X.

Gadi Eisenkot, ex-chefe militar israelense que pretende se candidatar à política, criticou o primeiro-ministro, afirmando: “Não haverá uma segunda chance para reparar os danos causados por ele e seus parceiros que abandonaram os reféns e isolaram Israel do mundo”.

Colaboração com Estados Unidos.

Na segunda-feira (15), Netanyahu proferiu um discurso acompanhado do Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, que destacou “a amizade que Israel cultivou com os Estados Unidos em diversas questões em que colaboramos, que transcendem as causas da guerra e da paz”.

Vários países foram criticados, entre eles França, Canadá, Austrália e outros que estão à beira de reconhecer um estado palestino na Assembleia Geral da ONU, em caráter de reunião, este mês.

Fonte por: CNN Brasil

Gabriel é economista e jornalista, trazendo análises claras sobre mercados financeiros, empreendedorismo e políticas econômicas. Sua habilidade de prever tendências e explicar dados complexos o torna referência para quem busca entender o mundo dos negócios.