O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, recusou na sexta-feira um relatório de um monitor global da fome que indica que a Cidade de Gaza e as áreas vizinhas estão oficialmente em situação de fome, alegando que o monitor ignora as recentes medidas humanitárias de Israel.
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O relatório do CPI é uma mentira absoluta. Israel não tem uma política de fome. Israel tem uma política de prevenção da fome. Desde o início da guerra, Israel permitiu que 2 milhões de toneladas de ajuda entrassem na Faixa de Gaza, mais de uma tonelada de ajuda por pessoa.
O sistema de Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar (IPC, sigla em inglês) indicou que 514.000 pessoas – aproximadamente um quarto dos palestinos em Gaza – enfrentam situação de fome, e essa cifra deve aumentar para 641.000 até o final de setembro.
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Estima-se que aproximadamente 280 mil indivíduos se encontrem na região norte, incluindo a Cidade de Gaza – também denominada província de Gaza – onde a ONU declarou estado de fome, a primeira determinação desse tipo no território.
O restante está em Deir al-Balah e Khan Younis – áreas do centro e sul que o IPC projetou que estariam em situação de fome até o final do próximo mês.
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Para que uma região seja considerada em estado de fome, é necessário que pelo menos 20% da população sofra de extrema carência alimentar, com uma criança a cada três gravemente desnutrida e duas pessoas a cada dez mil morrendo diariamente por inanição ou desnutrição e doenças.
Mesmo que uma área ainda não tenha sido classificada como em situação de fome por não atingir esses critérios, o IPC pode determinar que as famílias ali presentes estejam sofrendo de condições de fome, que ele descreve como inanição, miséria e morte.
O chefe de direitos humanos da ONU, Volker Türk, afirmou nesta sexta-feira (22) que a fome em Gaza decorreu diretamente das ações do governo israelense e alertou que mortes por inanição poderiam ser consideradas crimes de guerra.
A análise do IPC decorre das declarações do Reino Unido, Canadá, Austrália e diversos países europeus, que consideram que a crise humanitária atingiu “níveis inimagináveis” após quase dois anos de conflito entre Israel e os militantes palestinos do Hamas.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, emite um forte alerta para uma “catástrofe humanitária épica” em um território de mais de dois milhões de pessoas.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou no mês passado que diversas pessoas estavam sofrendo de fome, o que o tornou discordante de alguns membros do seu Partido Republicano, que apoiaram fortemente a posição do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de que não havia fome.
Fonte por: CNN Brasil