Nelma Kodama solicita a anulação de todas as ações de Sergio Moro na Operação Lava Jato

Doleira foi sentenciada a 18 anos de prisão em decorrência da operação, que indicou que um ex-juiz atuou de forma “parcial e suspeita”.

17/06/2025 20:49

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Nelma Kodama solicita a anulação de todas as ações de Sergio Moro na Operação Lava Jato
(Imagem de reprodução da internet).

Nelma Kodama, condenada a 18 anos de prisão na Operação Lava Jato, solicitou na terça-feira (17) ao ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a anulação das decisões do então juiz e atual senador Sergio Moro (União-PR).

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Na argumentação, Kodama alega que Moro apresentava parcialidade e suspeita, atuando em conluio com procuradores da força-tarefa de Curitiba.

Os advogados argumentam que as mensagens trocadas entre o ex-procurador Deltan Dallagnol (Novo-PR) e Moro constituem “provas concretas” de “um conluio entre o Ministério Público e o magistrado para articular estratégias processuais que visassem a maior efetividade punitiva dos acusados, em flagrante ofensa aos princípios basilares do Processo Penal e do sistema acusatório”.

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As referidas conversas foram divulgadas pelo hacker Walter Delgatti Neto e apreendidas pela Polícia Federal na Operação Spoofing, em 2019.

O incidente ficou conhecido como “Vaza Jato” e foi utilizado pela Justiça para determinar a suspeita de Moro na condenação de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que foi preso em 2018 e cumpria pena de nove anos e seis meses definida pelo ex-juiz. a sentença foi revogada e o petista foi solto em novembro de 2019, após 580 dias de detenção.

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Ademais, a defesa de Kodama também aponta o caso do ex-ministro José Dirceu (PT) em um dos exemplos para justificar o pedido de anulação.

Em outubro do ano anterior, o ministro Gilmar Mendes ordenou a anulação de todos os atos processuais do ex-juiz Sergio Moro em duas ações penais contra Dirceu, no âmbito da Lava Jato.

O juiz determinou que a acusação contra José Dirceu, levantada pelos procuradores da Lava Jato, representava um teste da denúncia que seria apresentada posteriormente contra Lula.

O ministro escreveu, na época, que o tempo revelou que Sergio Moro “nutria um projeto de poder próprio, baseado em uma plataforma política que se dizia alternativa aos partidos tradicionais”. O ex-juiz e hoje senador sempre negou qualquer irregularidade e rejeita as acusações de que atuou de maneira parcial.

Em maio, a Segunda Turma do STF já havia julgado extinguir a condenação imposta ao ex-ministro pelo crime de corrupção passiva em um processo da operação. A maioria dos ministros entendeu que ocorreu prescrição ou o esgotamento do prazo para o Estado fixar ou executar uma pena.

A CNN contatou Moro e Dallagnol e espera por resposta.

Nelma Kodama é uma figura notável.

A mulher do crime ficou reconhecida pelo seu envolvimento no esquema de corrupção exposto pela Lava Jato. Em 2014, foi julgada em primeira instância com sentença de 18 anos de prisão e é vista como a primeira informante da operação.

Kodama foi ex-parceira de Alberto Youssef, também condenado na Operação Lava Jato e envolvido em delação premiada. Na CPI da Petrobras, em 2015, ela se destacou ao entoar a música “Amada amante”, de Roberto Carlos, durante a sessão da Comissão, ao narrar seu relacionamento com Youssef.

Ela é a personagem principal do filme documental “A doleira”, exibido na Netflix em junho de 2024.

Em outubro de 2022, Kodama foi extrada de Portugal, onde havia sido presa por envolvimento no tráfico internacional de cocaína.

Em junho de 2024, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) determinou a revogação da prisão domiciliar de Nelma, concedendo a liberdade provisória.

Fonte por: CNN Brasil

Marcos Oliveira é um veterano na cobertura política, com mais de 15 anos de atuação em veículos renomados. Formado pela Universidade de Brasília, ele se especializou em análise política e jornalismo investigativo. Marcos é reconhecido por suas reportagens incisivas e comprometidas com a verdade.