A necrofagia no Ártico é vital! Estudo revela que ursos polares geram 7,6 milhões de quilos de carcaças de focas, sustentando diversas espécies necrófagas.
A necrofagia, que consiste no consumo de carniça de animais mortos, é uma estratégia alimentar comum entre diversos grupos de animais. No Ártico, o urso polar (Ursus maritimus) se destaca como o principal predador de mamíferos marinhos, tornando-se um fornecedor significativo de energia para várias espécies necrófagas, como raposas-do-ártico, corvos e diferentes tipos de gaivotas.
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Uma pesquisa realizada por especialistas das Universidades de Manitoba e Alberta, juntamente com a Environment and Climate Change Canada, revelou que os ursos polares deixam anualmente cerca de 7,6 milhões de quilos de carcaças de focas no gelo marinho.
Isso representa aproximadamente 39,3 milhões de megajoules de energia. O estudo identificou pelo menos 11 espécies de vertebrados que se beneficiam diretamente dessa carniça.
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Os autores do estudo enfatizam que os ursos polares atuam como um elo crucial entre os ecossistemas marinhos e terrestres. Eles capturam energia do ecossistema marinho, representado pelas focas, e transferem essa energia, na forma de carniça, para o ambiente terrestre.
Essa dinâmica é essencial para a manutenção do equilíbrio ecológico na região.
A gordura das focas, que é cinco vezes mais densa em calorias do que o músculo, também ajuda a reduzir as necessidades de água potável dos ursos. No Ártico, a água doce é escassa, existindo principalmente na forma de neve e gelo. Assim, a gordura não só fornece energia, mas também gera água metabólica, que é vital para a hidratação dos ursos polares.
Para calcular a biomassa de carniça deixada pelos ursos, os pesquisadores desenvolveram um modelo matemático. Com base nas taxas de predação observadas e na composição corporal das focas, estimou-se que cada urso polar mata cerca de 1.001 kg de mamíferos marinhos por ano.
Aproximadamente 50% dessa biomassa é deixada como carniça disponível no gelo, totalizando cerca de 7,6 milhões de quilos anualmente.
Após a remoção da massa dos ossos, restam cerca de 4,6 milhões de quilos de músculo de foca, que se tornam um recurso alimentar essencial para outras espécies. As carcaças permanecem conservadas por longos períodos devido ao frio do Ártico, funcionando como um frigorífico natural que garante a disponibilidade de alimento para os necrófagos.
As condições do Ártico permitem que as carcaças de focas sejam um recurso duradouro, algo que não ocorreria em climas quentes, onde a decomposição seria rápida. A intensa alimentação dos ursos polares na primavera, quando os filhotes de focas nascem, resulta em uma grande quantidade de carcaças em um curto período, oferecendo uma refeição rica em gordura e proteína para outros animais.
No entanto, os pesquisadores alertam que a redução das populações de ursos polares é uma preocupação crescente. A pesquisa destaca a urgência de esforços de conservação para proteger esses animais, não apenas por sua própria sobrevivência, mas também pela manutenção das espécies que dependem deles.
Autor(a):
Ana Carolina é engenheira de software e jornalista especializada em tecnologia. Ela traduz conceitos complexos em conteúdos acessíveis e instigantes. Ana também cobre tendências em startups, inteligência artificial e segurança cibernética, unindo seu amor pela escrita e pelo mundo digital.