Mulheres venezuelanas sofrem com disparidades no acesso ao emprego, aponta estudo

Mulheres exercem a liderança em famílias monoparentais e apresentam maiores índices de desemprego e informalidade no Brasil.

13/07/2025 6:59

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Mulheres venezuelanas sofrem com disparidades no acesso ao emprego, aponta estudo
(Imagem de reprodução da internet).

As ações de acolhimento e integração da população venezuelana no Brasil demandam, de maneira urgente, maior articulação com outras políticas públicas, incluindo saúde, moradia, educação e trabalho, em nível nacional e local, com foco especial na igualdade de gênero. É o que aponta pesquisa realizada pela Alto Comissão das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e pela ONU Mulheres, com o apoio do governo de Luxemburgo.

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Mais de 150 mil venezuelanos que se estabeleceram voluntariamente em Boa Vista foram realocados para mais de 1.1 mil cidades brasileiras desde abril de 2018. O estudo aponta avanços na integração, com aumento de 12% na renda média mensal por pessoa e de 8% na renda familiar per capita. As organizações ressaltam, contudo, que ainda existem desigualdades entre homens e mulheres na inserção no mercado de trabalho e no acesso a serviços básicos, principalmente entre mulheres e famílias com um único pai ou mãe.

Homens venezuelanos sem filhos e com maior nível educacional têm mais chances de obterem oportunidades de internalização voluntária de Roraima para outros Estados. Já mulheres venezuelanas, segundo a pesquisa, enfrentam mais vulnerabilidades e representam a maioria entre os chefes de famílias monoparentais, além de apresentarem maiores taxas de desemprego e informalidade.

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O estudo aponta para uma diminuição no tempo médio sem emprego, de 6,7 para 4,7 meses, e para uma melhora na inserção laboral das mulheres em relação aos homens. No que diz respeito à educação e à língua, crianças e adolescentes em abrigos ainda apresentam maiores dificuldades de acesso à escola. “A compreensão da língua portuguesa melhorou, especialmente entre as mulheres”, afirma a pesquisa.

Dados de saúde reprodutiva apontam para o aumento no uso de métodos contraceptivos entre venezuelanos residentes no Brasil, ainda que permaneçam obstáculos no acesso e no pré-natal, além de dificuldades na prevenção do câncer entre mulheres acolidas. Em relação à insegurança alimentar e à discriminação, a pesquisa revela que ambos os temas apresentaram elevação entre mulheres venezuelanas abrigadas e entre pessoas interiorizadas em geral.

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Damelis Castillo é venezuelana, artista, professora de espanhol e coordenadora do projeto Guaramo Solidário, que visa o apoio a imigrantes venezuelanos. Ela ressalta que o Brasil representa sinônimo de esperança para imigrantes e refugiados de países do continente sul-americano e do Caribe, regiões onde, segundo ela, ocorrem guerras típicas e atípicas.

A autora declara que “as mulheres estrangeiras que estão gerando novos brasileiros e brasileiras neste país, pagam impostos e agregam valor, criatividade e serviços”. Para ela, “o Brasil é a soma do melhor do passado e do presente para quem está e para aqueles que chegam para trabalhar na diversidade e seguir fazendo melhores futuros com todos os imaginários possíveis”.

Entenda.

A pesquisa, iniciada em 2021, desenvolveu-se em três fases de coleta de dados quantitativos: a primeira, compreendendo o período de maio a julho de 2021; a segunda, entre outubro e novembro de 2021; e a terceira, de agosto a novembro de 2023. Para fins de comparação, foram entrevistadas pessoas de origem venezuelana em situação de interiorização e indivíduos residentes em abrigos em Boa Vista.

As pesquisas foram conduzidas pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Faculdade de Ciências Econômicas e pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Com informações da Agência Brasil.

Fonte por: Poder 360

Ana Carolina é engenheira de software e jornalista especializada em tecnologia. Ela traduz conceitos complexos em conteúdos acessíveis e instigantes. Ana também cobre tendências em startups, inteligência artificial e segurança cibernética, unindo seu amor pela escrita e pelo mundo digital.