As alterações na pele são frequentemente notadas por mulheres ao longo do ciclo menstrual, e segundo a ciência, isso se justifica. Flutuações hormonais relacionadas ao ciclo menstrual impactam diretamente a saúde e a aparência da pele, conforme demonstrado em um estudo conduzido por pesquisadores da Alemanha e da França, publicado recentemente no British Journal of Dermatology. Aquelas que apresentam menstruação irregular exibem maior risco de desenvolver acne, manchas, melasma, rosácea, ressecamento e sensibilidade cutânea.
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Uma pesquisa examinou 17 mil mulheres entre 18 e 55 anos, abrangendo 20 países, buscando determinar a conexão entre problemas de pele e as fases do ciclo menstrual, levando em conta a regularidade ou irregularidade da menstruação.
As participantes responderam a um questionário digital contendo dados sociais e demográficos, além de informações sobre a menstruação no último ano e a regularidade do ciclo. Um ciclo foi considerado regular quando a menstruação ocorria mensalmente, aproximadamente no mesmo período. Elas também informaram seu tipo de pele e a presença ou ausência de 12 características, incluindo oleosidade, secura, sensibilidade, palidez, manchas, rugas, olheiras e poros dilatados.
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Estudos revelam um aumento no número de diagnósticos de doenças de pele em indivíduos com ciclos menstruais irregulares. Em relação à acne, os pesquisadores observam que a relação com os estrogênios, hormônios femininos, ainda não foi totalmente compreendida, mas presume-se que eles afetem a produção de sebo.
Em relação às manchas, o estudo reforça a teoria já conhecida de que desequilíbrios hormonais estimulam a produção de melanina, pigmento responsável pela cor da pele, favorecendo o surgimento de melasma. Essas irregularidades também podem estar relacionadas a um maior risco de rosácea.
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Além dos diagnósticos clínicos, as alterações auto percebidas também foram mais frequentes nas que menstruavam com irregularidade. Destacaram-se a sensação de pele seca, acompanhada ou não de descamação e rachaduras, e o aumento da sensibilidade cutânea.
O estudo global, com um número expressivo de mulheres, reforça os resultados. Reforça o que já observamos na prática cotidiana, que as fases do ciclo menstrual podem alterar o comportamento da pele, com maior propensão a acne, oleosidade excessiva, sensibilidade e até alterações inflamatórias, assim como possíveis desequilíbrios hormonais, afirma o ginecologista e obstetra Sérgio Podgaec, vice-presidente da área de Ensino do Einstein Hospital Israelita.
Contudo, o estudo não analisou de forma específica as mulheres com ovários policísticos. “Este distúrbio ginecológico é extremamente comum, caracterizado por ciclos menstruais irregulares e fortemente associado às alterações de pele e cabelo, como acne, oleosidade e até alopecia”, observa a ginecologista Carolina Fernandes Giacometti, também do Einstein.
Alterações hormonais e as fases do ciclo.
O ciclo menstrual é o período entre o início do primeiro sangramento e o dia anterior ao seguinte. Em média, tem duração de 28 dias e é dividido em três fases, determinadas pelas alterações hormonais que ocorrem nesse intervalo. Cada fase é caracterizada pela predominância de hormônios específicos, como o estrogênio e a progesterona, que podem afetar o funcionamento do corpo e a saúde e a aparência da pele.
O estrogênio se eleva na fase folicular, promovendo melhor hidratação da pele, reduzindo a oleosidade e aumentando a produção de colágeno, além de proporcionar maior luminosidade e viço, conforme explica a dermatologista Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD).
Durante a fase ovulatória, o estrogênio permanece elevado e se inicia a produção do hormônio luteinizante, responsável pela liberação do óvulo. Nesse período, a pele pode apresentar um leve aumento da oleosidade, favorecendo o surgimento de acne e manchas. Já na fase lútea, há elevação da progesterona e da testosterona, o que torna a cutis mais oleosa, sensível e reativa. É comum, então, o aparecimento de acne, rosácea, melasma e até dermatite seborreica.
Com o período menstrual, e a consequente queda dos níveis de estrogênio e progesterona, a pele tende a ficar mais ressecada, desidratada e sensível. “As mulheres podem variar a rotina de skincare conforme o ciclo. Geralmente, as mais afetadas pela variação hormonal em cada mês sentem mais essas alterações”, aponta Pomerantzeff.
É recomendável consultar um dermatologista para determinar qual rotina de cuidados é mais adequada ao seu tipo de pele e às suas necessidades. Por exemplo, pode-se incluir o uso de um hidratante mais potente em dias de pele ressecada e sensível ou um ácido quando a pele estiver mais oleosa. “A escolha do ácido depende do exame dermatológico e da avaliação de cada paciente”, orienta a dermatologista.
Fonte por: CNN Brasil