Mulheres com ciclos menstruais irregulares apresentam maior incidência de problemas de pele

Estudo global envolvendo 17 mil indivíduos revela que a irregularidade do ciclo menstrual está associada ao aumento do risco de acne, manchas e hiperpig…

05/09/2025 12:51

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Mulheres com ciclos menstruais irregulares apresentam maior incidência de problemas de pele
(Imagem de reprodução da internet).

As alterações na pele são frequentemente notadas por mulheres ao longo do ciclo menstrual, e segundo a ciência, isso se justifica. Flutuações hormonais relacionadas ao ciclo menstrual impactam diretamente a saúde e a aparência da pele, conforme demonstrado em um estudo conduzido por pesquisadores da Alemanha e da França, publicado recentemente no British Journal of Dermatology. Aquelas que apresentam menstruação irregular exibem maior risco de desenvolver acne, manchas, melasma, rosácea, ressecamento e sensibilidade cutânea.

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Uma pesquisa examinou 17 mil mulheres entre 18 e 55 anos, abrangendo 20 países, buscando determinar a conexão entre problemas de pele e as fases do ciclo menstrual, levando em conta a regularidade ou irregularidade da menstruação.

As participantes responderam a um questionário digital contendo dados sociais e demográficos, além de informações sobre a menstruação no último ano e a regularidade do ciclo. Um ciclo foi considerado regular quando a menstruação ocorria mensalmente, aproximadamente no mesmo período. Elas também informaram seu tipo de pele e a presença ou ausência de 12 características, incluindo oleosidade, secura, sensibilidade, palidez, manchas, rugas, olheiras e poros dilatados.

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Estudos revelam um aumento no número de diagnósticos de doenças de pele em indivíduos com ciclos menstruais irregulares. Em relação à acne, os pesquisadores observam que a relação com os estrogênios, hormônios femininos, ainda não foi totalmente compreendida, mas presume-se que eles afetem a produção de sebo.

Em relação às manchas, o estudo reforça a teoria já conhecida de que desequilíbrios hormonais estimulam a produção de melanina, pigmento responsável pela cor da pele, favorecendo o surgimento de melasma. Essas irregularidades também podem estar relacionadas a um maior risco de rosácea.

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Além dos diagnósticos clínicos, as alterações auto percebidas também foram mais frequentes nas que menstruavam com irregularidade. Destacaram-se a sensação de pele seca, acompanhada ou não de descamação e rachaduras, e o aumento da sensibilidade cutânea.

O estudo global, com um número expressivo de mulheres, reforça os resultados. Reforça o que já observamos na prática cotidiana, que as fases do ciclo menstrual podem alterar o comportamento da pele, com maior propensão a acne, oleosidade excessiva, sensibilidade e até alterações inflamatórias, assim como possíveis desequilíbrios hormonais, afirma o ginecologista e obstetra Sérgio Podgaec, vice-presidente da área de Ensino do Einstein Hospital Israelita.

Contudo, o estudo não analisou de forma específica as mulheres com ovários policísticos. “Este distúrbio ginecológico é extremamente comum, caracterizado por ciclos menstruais irregulares e fortemente associado às alterações de pele e cabelo, como acne, oleosidade e até alopecia”, observa a ginecologista Carolina Fernandes Giacometti, também do Einstein.

Alterações hormonais e as fases do ciclo.

O ciclo menstrual é o período entre o início do primeiro sangramento e o dia anterior ao seguinte. Em média, tem duração de 28 dias e é dividido em três fases, determinadas pelas alterações hormonais que ocorrem nesse intervalo. Cada fase é caracterizada pela predominância de hormônios específicos, como o estrogênio e a progesterona, que podem afetar o funcionamento do corpo e a saúde e a aparência da pele.

O estrogênio se eleva na fase folicular, promovendo melhor hidratação da pele, reduzindo a oleosidade e aumentando a produção de colágeno, além de proporcionar maior luminosidade e viço, conforme explica a dermatologista Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD).

Durante a fase ovulatória, o estrogênio permanece elevado e se inicia a produção do hormônio luteinizante, responsável pela liberação do óvulo. Nesse período, a pele pode apresentar um leve aumento da oleosidade, favorecendo o surgimento de acne e manchas. Já na fase lútea, há elevação da progesterona e da testosterona, o que torna a cutis mais oleosa, sensível e reativa. É comum, então, o aparecimento de acne, rosácea, melasma e até dermatite seborreica.

Com o período menstrual, e a consequente queda dos níveis de estrogênio e progesterona, a pele tende a ficar mais ressecada, desidratada e sensível. “As mulheres podem variar a rotina de skincare conforme o ciclo. Geralmente, as mais afetadas pela variação hormonal em cada mês sentem mais essas alterações”, aponta Pomerantzeff.

É recomendável consultar um dermatologista para determinar qual rotina de cuidados é mais adequada ao seu tipo de pele e às suas necessidades. Por exemplo, pode-se incluir o uso de um hidratante mais potente em dias de pele ressecada e sensível ou um ácido quando a pele estiver mais oleosa. “A escolha do ácido depende do exame dermatológico e da avaliação de cada paciente”, orienta a dermatologista.

Fonte por: CNN Brasil

Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.