O “mouth taping” ganha destaque nas redes sociais, mas estudo revela falta de evidências científicas sobre seus benefícios e riscos associados.
Nos últimos meses, vídeos de influenciadores praticando o “mouth taping” têm se tornado populares no TikTok. Essa técnica, que envolve fechar a boca com fita adesiva durante a noite, promete melhorar o sono e trazer benefícios estéticos. A prática se transformou em uma rotina de autocuidado, atraindo a atenção de milhares de usuários.
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Com promessas de pele mais bonita, mandíbula definida e um despertar revigorante, muitos têm adotado o ritual sem questionar sua eficácia ou os riscos envolvidos. No entanto, uma pesquisa recente pode desafiar essa tendência. O estudo, publicado em uma revista científica, analisa a popularidade do “mouth taping” e expõe a falta de evidências que sustentem suas promessas.
A pesquisa revisou 177 estudos científicos, mas apenas nove abordaram especificamente o impacto do “mouth taping”. Isso evidencia a escassez de literatura sobre uma prática que ganhou tanta notoriedade nas redes sociais. Além disso, o estudo analisou os 50 vídeos mais populares relacionados ao tema, buscando entender a rápida disseminação e as promessas que atraem o público.
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A conclusão foi clara: a tendência é impulsionada por desejos estéticos e pela cultura digital que busca soluções rápidas, e não por evidências científicas robustas.
Ao examinar os vídeos, a pesquisa identificou uma série de supostos benefícios atribuídos ao “mouth taping”, como melhora do sono, redução do ronco, prevenção de cáries e mau hálito, entre outros. No entanto, 36% dos vídeos afirmam que a prática proporciona um sono mais restaurador, enquanto 24% a relacionam a benefícios estéticos.
Contudo, ao confrontar essas alegações com a literatura científica, o estudo revela que não há evidências que sustentem a maioria desses benefícios. Nenhum dos estudos analisados demonstrou melhorias na pele, definição facial ou saúde bucal, exceto em casos específicos de apneia leve.
O estudo também destaca que apenas 20% dos vídeos mencionam riscos associados ao “mouth taping”. Isso sugere que muitos adotam a prática acreditando ser segura. No entanto, a revisão aponta diversos riscos potenciais, especialmente para pessoas com apneia do sono, alergias, desvio de septo, entre outros.
Além disso, a pesquisa alerta para riscos como redução da oxigenação durante o sono, sensação de sufocamento e irritação na pele. Alguns vídeos chegam a afirmar que o “mouth taping” “cura” problemas respiratórios, uma afirmação classificada como não comprovada e potencialmente perigosa.
O estudo sugere que muitos vídeos são criados por pessoas sem formação médica, mas com um tom de autoridade. A adesão à prática é impulsionada pela estética aspiracional do TikTok, que valoriza rotinas noturnas agradáveis e a promessa de uma versão melhor de si mesmo.
Além disso, depoimentos pessoais, mesmo sem base científica, tendem a gerar mais identificação e compartilhamentos do que dados técnicos. A pesquisa revela que apenas dois vídeos mencionaram estudos científicos, evidenciando a desconexão entre ciência e narrativa viral.
A revisão conclui que, apesar da expectativa gerada nas redes sociais, as evidências disponíveis são limitadas e inconsistentes. Os estudos têm amostras pequenas e metodologias variadas. A conclusão final é clara: ainda é cedo para recomendar o “mouth taping” como uma prática segura ou eficaz para a população em geral, sendo necessária uma quantidade maior de pesquisas de qualidade.
Autor(a):
Com formação em Jornalismo e especialização em Saúde Pública, Lara Campos é a voz por trás de matérias que descomplicam temas médicos e promovem o bem-estar. Ela colabora com especialistas para garantir informações confiáveis e práticas para os leitores.