Morte no Rio de Janeiro levanta preocupações sobre os perigos da internet entre jovens

O caso de adolescente que cometeu homicídio ainda está sob investigação, porém, especialistas e autoridades concordam que as redes sociais e jogos podem…

28/06/2025 3:37

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Morte no Rio de Janeiro levanta preocupações sobre os perigos da internet entre jovens
(Imagem de reprodução da internet).

O ocorrido com o jovem de 14 anos que admitiu ter assassinado os pais e a irmã de 3 anos, em Itaperuna, no Noroeste do Rio de Janeiro, gerou comoção em nível nacional e provocou uma discussão sobre os riscos da internet e a influência do meio digital no comportamento de crianças e adolescentes.

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As investigações indicam que o crime pode ter sido motivado pela recusa dos pais em permitir que o adolescente visitasse a namorada virtual de 15 anos, residente em Água Boa, no Mato Grosso. O jovem relatou que conheceu a menina aos 8 anos, através de um jogo online, e desde então os dois mantinham contato constante.

A jovem também foi interrogada pela polícia na cidade de sua residência, e os investigadores esperam pelo material coletado para verificar se ela tinha ciência prévia do crime, ou até mesmo participação.

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Foi descoberta uma bolsa contendo objetos pessoais, vestimentas e telefones dos pais na residência da família, o que sugere que o adolescente estaria se preparando para uma viagem após o ocorrido.

A equipe da 143ª DP (Itaperuna) informou que o adolescente utilizou a internet em várias ocasiões, incluindo a pesquisa sobre como sacar o FGTS de falecidos, após acessar o aplicativo do benefício pelo celular do pai, e constatar um saldo de R$ 33 mil.

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O adolescente também afirmou ter ingerido energético para permanecer acordado e aguardou que todos adormecessem antes de disparar contra a família com a arma registrada, sob o registro de CAC (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador) do próprio pai.

Apesar do caso ainda estar sendo analisado por autoridades e especialistas – incluindo a investigação de possíveis transtornos mentais ou comportamentais –, especialistas ressaltam que o episódio pode ser mais um alerta sobre o impacto da exposição ao mundo digital e a ausência de supervisão no uso da internet por crianças e adolescentes.

A juíza Vanessa Cavaliere, coordenadora do projeto Eu Te Vejo – iniciativa da Vara da Infância e Juventude do Rio de Janeiro em parceria com o CEJUSC JR –, ressalta a relevância da atuação preventiva. Ela afirma que o ambiente digital pode apresentar um risco considerável para crianças e adolescentes sem acompanhamento contínuo.

A juíza declarou que a internet não é um ambiente seguro para crianças e adolescentes, especialmente quando estão sozinhos ou participando de jogos online. Ela ressaltou a necessidade dos pais em monitorar e supervisionar, incluindo a leitura das conversas em chats, a fim de prevenir situações extremas, como envolvimento emocional, embora reconheça que o caso seja uma tragédia.

Ela aponta que não são incomuns os casos de jovens que recebem conteúdo de violência extrema, inclusive, ataques na escola, fazendo apologia, inclusive, de assassinar.

É fundamental para o médico pediatra que os pais e responsáveis diminuam o tempo de exposição digital dos filhos e promovam vivências no mundo exterior.

A percepção de que essa singularidade do universo digital na vida do adolescente pode trivializar a violência, levando-o a compreender um crime como algo “possível de se realizar”, afirmou.

O médico reforça a relevância de preservar um convívio familiar saudável e dinâmico, enfatizando que a ausência de interação no contexto da vida real pode intensificar os impactos do mundo digital.

É necessário lembrar da relevância de diminuir essa imersão excessiva, esse vício, essa dependência no mundo digital e oferecer a eles a oportunidade de se desenvolver no mundo real, onde o ser humano se desenvolveu durante toda a sua história como espécie. A situação é muito grave. Precisamos resgatar o convívio, a presença, o diátempo de qualidade em família e na escola, para que essas crianças e adolescentes possam construir vínculos afetivos saudáveis, desenvolver empatia e senso de realidade. Sem isso, corremos o risco de perder essa geração para um universo onde a violência é banalizada e a solidão é mascarada por conexões superficiais.

Fonte por: CNN Brasil

Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.